Prioridade ao emprego

Índice de desemprego aumentou de 11,6% para 12,6%, considerando os trimestres encerrados em janeiro e fevereiro de 2019

Por: Da Redação  -  31/03/19  -  12:37

A recuperação do emprego continua difícil no País. A estimativa ainda é de reação lenta ao longo de 2019, com previsão de que a taxa de desemprego termine o ano apenas 0,2 ponto percentual abaixo de 12,1%, registradono trimestre encerrado em dezembro de 2018, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE. O índice de desemprego aumentou de 11,6% para 12,6%, considerando os trimestres encerrados em janeiro e fevereiro de 2019. O número total de desocupados chegou a 13,1 milhões, com 27,9 milhões de pessoas subutilizadas (que trabalham menos do que gostariam) e 4,9 milhões de indivíduos desalentados (que desistiram de procurar emprego).


São números impressionantes, que revelam a magnitude do problema, cuja solução ainda vai tardar. Para reduzir a taxa de desemprego para 5%, considerado um nível aceitável, seria necessário criar 8 milhões de postos de trabalho (7 milhões para os atuais desempregados e 1 milhão para novos trabalhadores que chegam ao mercado todos os anos). Não há ilusões a respeito: na melhor das hipóteses, serão gerados 2 milhões de empregos por ano, exigindo cinco anos de crescimento contínuo e uniforme para que a situação se normalize.


Ninguém, entretanto, aposta que isso vá acontecer. As incertezas continuam grandes, diante das dificuldades enfrentadas pelo Governo Federal em relação à reforma da Previdência, primeiro passo de uma série de mudanças estruturais, indispensáveis para que o crescimento sustentável se estabeleça no País.


O drama foi percebido nesta semana em São Paulo, quando 15 mil pessoas formaram gigantesca fila no Sindicato dos Comerciários, em busca de emprego. Foram oferecidas 6 mil vagas em mutirão promovido pela entidade e pela Prefeitura paulistana, e houve pessoas que permaneceram na espera por mais de 24 horas até serem atendidas ou receberem uma senha para essa finalidade.


O emprego formal surpreendeu em fevereiro, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), com 173,1 mil novos postos de trabalho com carteira assinada no País, o melhor desempenho dos últimos cinco anos (fato que se repetiu na Baixada Santista, que voltou a registrar saldo positivo no mês, que não acontecia desde 2014), mas as opiniões são que isso não se repetirá ao longodo ano.


Não há mágicas a respeito. Basear o crescimento econômico e a geração de empregos no consumo e no aumento do crédito é ilusão. Em 2019, o consumo das famílias deve crescer pelo terceiro ano consecutivo, mas ele será reduzido, equivalente ao avanço de 2018 (1,9%), sem assegurar aumento expressivo do PIB nacional. A saída é investimento, produção e infraestrutura, ações que dependem do ambiente político e, neste difícil momento, do avanço das reformas no Congresso Nacional.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter