Primeiro sinal de esperança

Sem saber como será seu futuro no curto e médio prazos, cidadão e empresa adiam suas decisões, travando a economia

Por: Por ATribuna.com.br  -  19/05/20  -  12:01

Os resultados animadores, ainda que na fase inicial, da vacina em estudos do laboratório Moderna, dos Estados Unidos, traz um grande alento. O reflexo mais evidente foi a alta das bolsas mundiais. Enquanto a ação da empresa responsável pelo produto subiu quase 30%, os índices da bolsa de Nova Iorque avançaram 4% e no Brasil, quase 5%. O otimismo exacerbado é uma resposta à incerteza que se vive nos tempos atuais. Sem saber como será seu futuro no curto e médio prazos, o cidadão e a empresa postergam todos os tipos de decisões e isso tudo trava o andamento não só da economia, mas de todo um País.


Mas o pioneirismo da empresa americana precisa ser observado minuciosamente. Os testes foram realizados em um público de apenas 45 pessoas e ainda passará por uma série de reanálises e, caso tudo continue dando certo, dependerá do crivo das autoridades de saúde dos Estados Unidos e, consequentemente, dos responsáveis sanitários de todos os outros governos. Os últimos passos seriam produzir a vacina em escala industrial de uma forma gigantesca e também cuidar de toda uma logística de distribuição e aplicação. Além disso, falta saber se ela garantiria uma imunização permanente ou se precisaria ser alterada todos os anos devido a mutação, como no caso da gripe. 


Por isso, os analistas descartam euforia, sugerindo um prazo entre um ano e um ano e meio para que a imunização chegue à ponta final. Portanto, não há como arrefecer com as estratégias de isolamento, neste momento o único remédio eficiente contra a pandemia do novo coronavírus. Apesar da insistência do presidente Jair Bolsonaro pelo relaxamento, a aceleração dos registros de casos e de mortes da covid-19 ampliou, na semana passada, o número de prefeitos e governadores que se utilizam do lockdown para obter respostas mais eficientes e rápidas e preservar vidas.


Deve-se considerar ainda que haverá um elevadíssimo custo para aplicar uma vacina pioneira, até que outras similares sejam desenvolvidas - há pelo menos 100 projetos do tipo em desenvolvimento no mundo, sendo algumas poucas têm reais chances de saírem dos laboratórios para a aplicação em massa, segundo a Organização Mundial de Saúde. Resta saber se haverá alguma campanha negacionista contra a imunização, tal como a que boicotou vacinações dos últimos anos contra sarampo.


Em plena pandemia, o País está sem um ministro da Saúde titular, mais uma falha grave do governo, que não conta com um articulador para tomar decisões estratégicas, eventualmente como de uma vacinação em massa. É preciso encerrar a guerra política entre o poder central e os estados. Se isso se mantiver, há um sério de risco de quando os registros da covid-19 começarem a decair nos estados hoje mais atingidos, como São Paulo, que um relaxamento descoordenado seja acompanhado por muitas infecções em áreas menos afetadas, como Minas Gerais e o Centro-Oeste.


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