Preservar imóveis históricos

Construções públicas não são conservadas de modo adequado, e deterioram-se rapidamente, como acontece em Santos

Por: Da Redação  -  17/08/19  -  13:31

O assunto é antigo e os problemas persistentes. Os imóveis públicos, notadamente aqueles de interesse histórico, não são conservados de modo adequado, e deterioram-se rapidamente. O Outeiro de Santa Catarina, marco da fundação de Santos, é exemplo disso. Abandonado, o espaço aguarda projeto de restauração. Em 2015, reportagem de A Tribuna mostrava a deterioração do local, com apenas uma sala em funcionamento: à época já se falava em projeto de recuperação do imóvel ali existente, e nada foi feito em quatro anos.


Essa não é a situação apenas do Outeiro de Santa Catarina. A Casa de Frontaria Azulejada está com seu telhado deteriorado, embora já exista uma empresa pronta para realizar a obra, que depende, porém, de autorização legislativa, tendo em vista que a verba correspondente, liberada pela Prefeitura, irá estourar o orçamento da Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams), que passará a funcionar no local após a recuperação. Aguarda-se a reabertura do espaço para o fim do ano, quando ele voltará a receber eventos. 


O Teatro Coliseu, reaberto em 2006, após uma década de obras, também precisa de serviços urgentes na fachada e na cobertura, adiadas há muito tempo. Finalmente, nessa semana foi selecionada, por licitação pública, empresa para realizar os trabalhos, que terão prazo de um ano, custeados por verbas do Dadetur, órgão estadual de apoio a cidades turísticas. Mas há outras etapas previstas para a total recuperação do teatro, compreendendo restauração das pinturas e elementos decorativos do foyer, sala de câmara e plateia, bem como modernização do edifício anexo, que ainda não têm custos definidos nem orçamento previsto para sua realização.


A manutenção de imóveis históricos é cara e difícil. Por sua idade e características arquitetônicas, exigem cuidados e atenção especial. A sua degradação é rápida e acelerada; daí a importância de ações imediatas, quando surgem os primeiros problemas, quase sempre ignorados, sem as providências necessárias.


Impõe-se, portanto, outra atitude diante do patrimônio histórico. Os imóveis precisam, em primeiro lugar, ser utilizados: o abandono apressa a deterioração e é necessário dar uso adequado a todos os espaços. Outro ponto importante é a gestão dos imóveis: contratos com organizações sociais (OSs) dão muito mais agilidade e capacidade de reação e resposta diante dos problemas que surgem no dia a dia. 


Infelizmente, as ações do Poder Público são lentas e burocráticas. O resultado é o abandono, a desvalorização dos imóveis e a degradação do patrimônio histórico, provocando prejuízos econômicos e culturais enormes, que, no limite, podem levar à perda definitiva deles. Envolver a iniciativa privada nos projetos de recuperação é outra medida saudável, que sempre deve ser buscada. 


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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