Prévias e escolha de candidatos

Diretório paulista do PSDB aprovou resolução que define regras para realizar prévias para a escolha de candidatos ao cargo de prefeito

Por: Da Redação  -  14/03/20  -  11:20
Atualizado em 14/03/20 - 11:51

O diretório paulista do PSDB aprovou resolução que define regras para a realização de prévias para a escolha de candidatos do partido ao cargo de prefeito nas eleições deste ano. Em todas as cidades do Estado onde houver mais de um nome interessado em concorrer, o diretório municipal deve realizar eleição interna até 31 de maio. Poderão participar do processo aqueles que forem indicados pela Executiva Municipal do partido ou que tiverem o apoio mínimo de 10% dos filiados na cidade.


De modo geral, os partidos políticos brasileiros não realizam prévias para definir seus candidatos a cargos majoritários. A tradição é a escolha ser feita pelas lideranças das siglas, em processos que não levam em conta a preferência dos filiados. O PT defende as prévias, mas nem sempre adotou tal prática. Basta notar a definição da candidatura de Fernando Haddad à presidência em 2018, que não passou por nenhum processo interno, e foi decidida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Prévias aproximam os eleitores - e particularmente os filiados de um partido - dos candidatos. Tornam mais democráticas e participativas as decisões, retirando dos caciques partidários o poder de definir aqueles que, no final das contas, terão seus nomes submetidos ao eleitorado. 


O exemplo norte-americano é emblemático: lá, a corrida presidencial começa cedo, e durante meses os pré-candidatos percorrem os estados na busca de delegados que assegurem sua indicação para concorrer ao cargo. É o caso atual do Partido Democrata, em que a disputa se afunilou entre os dois postulantes mais fortes e viáveis: o ex-vice presidente Joe Biden e o senador Bernie Sanders, que continuarão buscando apoios nas próximas semanas para conquistar o direito de enfrentar o republicano Donald Trump, que busca reeleger-se.


No caso dos EUA, as prévias têm forte apelo, com regras que variam entre os estados. Há as prévias propriamente ditas, nas quais os eleitores, em alguns casos nem sendo filiados ao partido, votam, e os "caucus", assembleias realizadas em ginásios, escolas, igrejas em que as pessoas se reúnem em grupos para definir suas preferências. 


No Brasil, entretanto, o quadro é diferente. Há muitos partidos (33 oficialmente registrados no Tribunal Superior Eleitoral) e a relação entre eleitores e siglas acaba por ser frágil e inconsistente. Além disso, há o domínio que algumas lideranças (especialmente aqueles que detêm o poder local) exercem sobre o conjunto dos filiados, recrutados muitas vezes por elas mesmas, tornando as prévias um jogo de cartas marcadas.


Mesmo assim, é positivo que avancem as prévias nos grandes partidos. Se elas forem realizadas com regularidade, podem criar novo padrão interno de seleção de candidatos, o que é, sem dúvida, positivo para o processo democrático. 


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