Pobre infraestrutura

Malha ferroviária nacional é insignificante - apenas 14 mil quilômetros. Há apenas 30 mil quilômetros de hidrovias no Brasil. País é pobre ainda em dutovias (34 mil quilômetros)

Por: Da Redação  -  19/03/20  -  21:45

O Brasil tem território pouco menor do que o da China e dos Estados Unidos, mas bem maior do que o da Índia ou qualquer outro país europeu, com exceção da Rússia. Quando se compara, porém, a infraestrutura existente, as diferenças são enormes. O Brasil tem apenas 213 mil quilômetros de rodovias pavimentadas - a China e os Estados Unidos têm vinte vezes mais, com 4,774 milhões de quilômetros e 4,474 milhões de quilômetros, respectivamente. A Índia, por sua vez, tem 3,502 milhões de quilômetros asfaltados.


A malha ferroviária nacional é insignificante - apenas 14 mil quilômetros - diante de 127 mil quilômetros da China e 102 mil quilômetros da Rússia. Há apenas 30 mil quilômetros de hidrovias no Brasil, contra 225 mil quilômetros nos Estados Unidos. O país é pobre ainda em dutovias (34 mil quilômetros), que somam 2,840 milhões de quilômetros nos EUA. 


A matriz de transportes no Brasil é baseada em rodovias (60% do total), percentual sem paralelo no mundo desenvolvido. Na União Europeia, a média é 49% e nos Estados Unidos, país que tem gigantesca malha rodoviária, ela fica em 43%. No Canadá, prevalecem os dutos (40%) e as ferrovias (34%), ficando as rodovias com apenas 19% do total. A navegação de cabotagem - transporte entre portos do mesmo país - participa apenas com 13% na matriz brasileira, apesar da extensão da costa nacional.


Mudar esse panorama no país é absoluta prioridade. No entanto, o Ministério da Infraestrutura dispõe, para 2020, de orçamento de apenas R$ 5,29 bilhões, insuficiente para investimentos próprios capazes de alterar a situação. Diante dessa realidade, a estratégia do governo é atrair recursos privados por meio de concessões. Estão previstos 44 leilões neste ano, e o ministro Tarcísio Freitas destaca que em 2019 tudo o que havia sido planejado (27 licitações) foi realizado.


Estudos da Fundação Dom Cabral mostram que o modal rodoviário continuará sendo o mais utilizado nos próximos 15 anos, mas na hipótese otimista (em que as obras mais necessárias serão realizadas) a participação das rodovias cairá para 52,7%, aumentando a das ferrovias (que passariam de 23,7% para 28,7%) e do transporte aquaviário (hidrovias e cabotagem), que cresceria de 14,5% para 16,4%.


A modelagem utilizada nos leilões (já realizados e a realizar) tem sido considerada como de boa qualidade, com elevado conteúdo profissional, deixando de lado aspectos ideológicos, aspecto muito importante para dar segurança e atrair investidores privados.


O trabalho sério e responsável deve prosseguir, de modo a reduzir o atraso logístico do país. Nesse sentido, vale ainda destacar a importância das renovações antecipadas de concessões, com o aval do Supremo Tribunal Federal, sendo exigidas obras de contrapartida na prorrogação dos respectivos contratos.


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