Petrobras diz que fica

Companhias que assumiram campos da estatal não terão outra alternativa a não ser investir no Litoral de São Paulo

Por: Da Redação  -  02/09/20  -  09:10

Em meio a um rigoroso programa de ajuste da Petrobras, a afirmação do gerente-geral da unidade da estatal para a Bacia de Santos, João Ricardo Lafraia, de que a sede da empresa continuará em Santos traz um alívio à Baixada Santista. Mudanças recentes, como transferências parciais de pessoal de plataformas e do monitoramento de campos de petróleo para o Rio de Janeiro ampliaram temores de que a petrolífera estaria com planos definitivos para sair da Baixada Santista. As unidades de produção continuarão a render royalties ao Litoral Paulista, mas a operação a partir do Estado mantém alguma esperança de atrair serviços, principalmente de manutenção e abastecimento de navios para a própria Baixada.


Em uma espécie de Dia do Fico, Lafraia afirmou que a região precisa desenvolver projetos que sejam eficientes e de baixo custo que possam gerar interesse da estatal. Mesmo com o maior parque industrial, o principal Porto do País e uma abundante formação de capital humano, o Estado permanece com imensas dificuldades para competir com o Rio de Janeiro, que começou a desenvolver o setor petrolífero em ritmo mais consistente em meados dos anos 1970.


Abalada por esquema de corrupção e queda do preço do petróleo, a estatal se impôs um severo programa de desinvestimento, que é a venda de subsidiárias e unidades que não são consideradas atividade principal da empresa, a extração de petróleo.


Além disso, a petrolífera adotou programa de demissão voluntária (PDV) que, segundo reportagens do semestre passado, buscam reduzir o total de funcionários em 20%, com economia de alguns bilhões de reais na folha de pagamento. Considerando que cada dólar a menos no preço do barril retira o lucro que a Petrobras tem ao explorar reservas em águas ultraprofundas, corte de custos em outras frentes, como a de Recursos Humanos, se tornaram essenciais. Deve-se lembrar ainda que a pandemia, veio também como oportunidade para a estatal, assim como outras empresas, para economizar com instalações administrativas e torres de escritórios.


A resposta animadora de que a Petrobras não deixará a região não pode causar acomodação. A empresa se instalou em Santos não para desenvolver a região, mas porque viu aqui vantagens logísticas, que agora são revistas. Como a empresa ainda vai investir em mais plataformas, é provável que a demanda por suporte aumentará, sendo nesse ponto que Baixada pode se fixar. As lideranças paulistas reagir, mas o principal trabalho a ser realizado é o da iniciativa privada. Nesse campo os paulistas já demonstram competência há décadas.


Daqui para frente, entretanto, a Baixada não precisa mirar só a Petrobras. Outras companhias que assumiram campos que eram da própria estatal mais ao sul na costa paulista não terão outra alternativa a não ser investir no Estado. Por isso, não é hora de arrefecer em relação ao filão do petróleo.


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