Petróleo no Brasil

Petrobras deve aproveitar a oportunidade econômica que se abre para tornar-se autêntica empresa de energia

Por: Da Redação  -  17/06/19  -  18:46

A Petrobras anunciou que pretende investir U$ 105 bilhões nos próximos cinco anos, e obter, nesse mesmo período, entre US$ 30 bilhões e US$ 35 bilhões em seu programa de desinvestimentos. Fica evidenciado que a empresa irá intensificar a venda de ativos, liberada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), para se desfazer de subsidiárias sem a necessidade de autorização legislativa.


Outro ponto importante para garantir investimentos futuros é a entrada de recursos provenientes do contrato de cessão onerosa celebrado com a União e do leilão de excedentes dessa área.


Em 2010, lei federal concedeu à Petrobras o direito de explorar cinco bilhões de barris de petróleo em área do pré-sal, mediante pagamento (cessão onerosa). O valor pago à época, entretanto, excedeu as cotações internacionais nos anos seguintes, forçando a renegociação, e a estatal deverá receber US$ 9 bilhões da União, mais uma compensação financeira pelos investimentos que fez nas áreas que serão oferecidas na licitação dos excedentes (volumes que excedem os cinco bilhões previstos no contrato original).


Esse valor será pago pelas petroleiras que vencerem as concorrências previstas e é estimado que a Petrobras possa receber até US$ 16,4 bilhões.


É importante que a empresa tenha recuperado a sua capacidade de investimento. Aumentar a exploração e a produção significa maior atividade econômica, geração de empregos e renda, e amplia a capacidade de atender à demanda nacional e realizar exportações.


A empresa não pretende, porém, diversificar seus investimentos em fontes renováveis, como várias petroleiras vêm fazendo no mundo, e a ênfase continuará em óleo e gás, que devem receber US$ 90 bilhões dos US$ 105 bilhões. A Petrobras perde, assim, a oportunidade de se transformar em verdadeira empresa de energia, ampliando seu foco e escopo além do petróleo.


O cenário também é favorável à maior participação privada. As multinacionais, que respondem por um quarto de todo o petróleo produzido no país, têm a oportunidade, no megaleilão dos excedentes da cessão onerosa, de aumentar sua participação no mercado brasileiro. Projeções apontam que a parcela da Petrobras pode cair dos atuais 74% para 60% em 2022 e se aproximar do patamar de 50% a partir de meados da próxima década.


O Brasil pode vir a produzir seis milhões de barris de petróleo em 2030, mais do que dobrando a produção atual. A Petrobras seguirá muito importante nesse quadro, sendo o ator mais relevante do mercado, mas é inevitável a maior participação estrangeira, que buscará aumentar a exportação dos volumes aqui produzidos, já que o consumo nacional não será suficiente para absorver toda a produção esperada para os próximos anos. O cenário é promissor, e a Petrobras deve aproveitar a oportunidade econômica que se abre para tornar-se autêntica empresa de energia.


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