Pessimismo global

Pesquisa feita pela consultoria PwC, com executivos de grandes empresas, revela que apenas 22% dos entrevistados acredita que crescimento da economia global vai melhorar

Por: Da Redação  -  23/01/20  -  17:49

A confiança dos investidores na aceleração da economia global caiu bastante. Pesquisa realizada pela consultoria Pricewaterhouse Cooper (PwC), com 1.583 executivos de grandes empresas (CEOs) de 83 países, divulgada no Fórum Econômico Mundial que acontece atualmente em Davos, na Suíça, mostrou que aumentou, nos últimos dois anos, de 5% para 53% a proporção daqueles que acreditam em uma expansão mais lenta da atividade econômica global nos próximos doze meses.


A mudança de humor é expressiva: em 2018, 57% dos executivos entrevistados disseram que o crescimento da economia global iria melhorar; em 2020, esse número caiu para 22%. Nunca, desde 2012, foi registrado um resultado tão negativo. Há problemas relacionados com a produtividade, que depende, cada vez mais, de investimentos em tecnologia, como inteligência artificial, automação, 5G, blockchain, internet das coisas, além da qualificação dos trabalhadores.


A pesquisa revelou ainda preocupações com as mudanças climáticas (subiu 25%, em relação a 2019, a quantidade de executivos que se declararam "extremamente preocupados" com o aquecimento global e com os danos ao meio ambiente) e também quanto às incertezas no panorama econômico, notadamente aqueles causados por conflitos comerciais, que se tornaram os maiores fatores de risco nos próximos doze meses, na opinião dos CEOs, superado apenas pelo excesso de regulação.


Temores quanto à desaceleração da economia mundial não significam, porém, ameaças de recessão. O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu ligeiramente sua projeção de crescimento global para 2020, de 3,4% para 3,3%, indicando "estabilização provisória dos riscos e recuperação lenta". A variação estimada do PIB das economias avançadas recuou de 1,7% para 1,6%, mas aumentou a expectativa para as emergentes (de 3,7% para 4,4%).


A situação brasileira melhorou, segundo a avaliação internacional. Embora o País tenha caído do sexto lugar no ano passado para o nono na lista dos países considerados mais importantes pelos CEOs para ampliação das operações de suas próprias empresas - o Brasil já chegou a dividir a liderança com Estados Unidos e China, mas perdeu espaço para os europeus outros emergentes, como a Índia -, o FMI reviu, para cima, suas projeções para o desempenho da economia brasileira em 2020, acreditando que o PIB nacional avance 2,2% (a estimativa anterior era de 2%).


A diretora do departamento de pesquisa do órgão, Gita Gopinath, alertou, contudo, para o elevado nível da dívida pública brasileira, indicando que são necessárias mais reformas na área fiscal, incluindo a da administração pública. Apesar dos riscos e dificuldades, e em meio a incertezas globais, a aposta no crescimento brasileiro é real e efetiva, e as chances e oportunidades devem ser aproveitadas.


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