Perspectivas para os imóveis

Apesar da maioria das obras não ter sido paralisada, com dados apontando que 88% delas seguem em andamento no País, as vendas caíram de modo acentuado

Por: Da Redação  -  05/05/20  -  20:04

As empresas do setor imobiliário vêm buscando estimular as vendas diante da atual crise provocada pela pandemia da covid-19. Assim como em outros segmentos, que vão da educação ao varejo, a aposta tem sido em ações virtuais: o uso de plataformas on line para divulgação de seus empreendimentos, que permite aos interessados conhecer as unidades em construção ou prontas nos mínimos detalhes, e a negociação pela internet com especialistas das empresas.


Tempos difíceis exigem ações agressivas, e a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e as Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) lançaram a campanha “Vem Morar”, com benefício mínimo de R$ 3 mil aos clientes, seja por descontos nos preços dos imóveis ou outras formas, como redução no pagamento dos condomínios, assumido pelas empresas.


O momento é de dificuldades. Apesar da maioria das obras não ter sido paralisada, com dados apontando que 88% delas seguem em andamento no País, as vendas caíram de modo acentuado. Após um início de ano promissor - em fevereiro as 20 maiores incorporadoras apresentaram alta de 64% nos lançamentos e 13% nas vendas -, o panorama alterou-se, e segundo o Secovi, o Sindicato da Habitação, a comercialização das unidades, a partir da segunda quinzena de março, está 60% abaixo do projetado para o período.


Feiras e salões on line estão programados e em andamento. A grande dificuldade é o ambiente - as pessoas, de maneira geral, não têm confiança para aquisição de bens com alto valor, assumindo compromissos de longo prazo, e investidores estão retraídos, apesar da chance de realizar bons negócios. Um ponto positivo é a atitude dos bancos, que têm se esforçado, segundo empresários do setor, para manter e estimular as operações de financiamento.


Como o planejamento do mercado imobiliário precisa ser feito com muita antecedência, tendo em vista as etapas do processo, como estudos de viabilidade econômica, aquisição de terrenos, elaboração e aprovação de projetos, lançamento dos empreendimentos e execução das obras (etapa que consome de 24 a 36 meses, normalmente), já existe a preocupação com a demanda pós-pandemia. A perspectiva de novas rotinas para o trabalho, com a intensificação do home office, pode levar a uma revisão no modelo de apartamentos e na estratégia de prédios comerciais.


Microunidades, com até 30 m², que começavam a despontar, são descartadas porque as pessoas terão a necessidade de escritórios em suas casas, embora haja dúvida se os compradores terão renda suficiente para comprar apartamentos maiores. Por outro lado, prédios comerciais, cuja oferta no mercado já era excessiva (notadamente em Santos, após o boom do pré-sal), serão evitados, uma vez que as empresas tenderão a ocupar menos espaços corporativos. 


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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