Para além do Setembro Amarelo

Falar sobre suicídio de forma qualificada e profissional é a melhor forma de conscientizar a sociedade e, no futuro, reduzir as estatísticas

Por: Da Redação  -  10/09/20  -  09:24

A pandemia do coronavírus mascarou algumas discussões, adiou outras e colocou alguns temas em um patamar secundário, como se seus efeitos e consequências ficassem congelados pelo tempo em que a crise maior - da covid - perdurasse. Embora essa seja uma constatação válida para qualquer área das relações em sociedade, é bastante preocupante quando se fala em saúde preventiva. Basta voltar seis meses para trás e lembrar das recomendações médicas que pediam, com assertividade, que consultas médicas pré-agendadas, para tratamento de doenças rotineiras e controláveis por medicamento, fossem suspensas por tempo indeterminado.


Durante meses, a ida ao médico para acompanhamento dos males cotidianos foi adiada e, no máximo, se recorria à telemedicina para casos mais críticos. Agora, é tempo de retomar essas rotinas, sob pena de suas consequências representarem o agravamento de quadros antes sob controle.


Há uma área da saúde, porém, que merece atenção redobrada, e para a qual a pandemia e todo seu leque de efeitos nocivos podem ter contribuído fortemente: a saúde mental, com efeitos diretos tanto no campo da psiquiatria como na psicologia.
Hoje, Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, o tema ganhará a mídia e certamente haverá quem relacione as preocupações com as estatísticas de mortes durante este ano, em que a pandemia impôs comportamentos e hábitos que podem ter agravado quadros depressivos, síndromes e outras manifestações de doenças mentais. Todos os anos, o suicídio aparece entre as 20 principais causas de morte no mundo, para pessoas de todas as idades. Só ele é responsável por mais de 800 mil mortes - o que equivale a um suicídio a cada 40 segundos. No Brasil, são registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos, com cada vez mais jovens - realidade que também se verifica na Baixada Santista. Há, ainda, os enlutados pelo suicídio: pai, mãe, irmão, parente próximo, amigo, conhecido, todos aqueles que vão sentir por anos os efeitos de tamanho impacto.


Com empatia, cautela e cuidado técnico, é preciso vencer tabus e preconceitos e inserir o tema na pauta diária da imprensa, das escolas e universidades, dos ambientes corporativos. Há a abordagem correta para isso, e não faltam cartilhas e orientações provenientes de profissionais capacitados. Setembro Amarelo é o mês para dar destaque, mas importante dizer que a saúde mental precisa ser pauta da sociedade nos doze meses do ano.


Dados oficiais apontam que mais de 90% dos casos de suicídio decorrem de transtornos mentais e emocionais, o que significa dizer que a quase totalidade deles pode e deve ser tratada para evitar tal desfecho. Durante décadas se julgou o tema como algo pontual e raro, sobre o qual nem mesmo as famílias queriam falar. Hoje, entende-se que dar visibilidade a essa pauta e a tudo que dela decorre é o melhor caminho para, em futuro próximo, talvez, reduzir as estatísticas.


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