Pós-graduação no Brasil

Corte de bolsas preocupa população em todo o País

Por: Da Redação  -  16/09/19  -  19:19

Os cortes de bolsas de pós-graduação no país, em função do contingenciamento de verbas federais, têm causado extrema preocupação na comunidade acadêmica e nos setores que se dedicam à pesquisa. Trata-se de área vital para o desenvolvimento, tendo em vista que o aprimoramento científico é decisivo para que sejam obtidos ganhos em produtividade e competitividade internacional.


A situação atual é difícil. Números revelam que o volume de brasileiros com pós-graduação é muito inferior ao registrado em países ricos, como demonstra relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Comparando dados de 46 países membros da entidade e nações parceiras, como o Brasil, fica evidente a inferioridade do País no contexto internacional: aqui, apenas 0,8% das pessoas de 25 a 64 anos concluíram o mestrado. A média dos países da OCDE é 16 vezes maior, registrando 13% das pessoas nessa faixa etária.


No doutorado, a diferença é de 5,5 vezes. Apenas 0,2% daqueles entre 25 e 64 anos têm o título, enquanto a média da OCDE é de 1,1%. O Brasil tem também percentual muito pequeno de pessoas que concluíram cursos de graduação. Ele é de 21%, enquanto a Coreia do Sul tem 70% da sua população adulta nessa condição, e a taxa brasileira é inferior à de países como México (23%), Costa Rica (28%) e Colômbia (29%).


Apesar dos gastos com instituições públicas de ensino superior, que concentram 80% dos estudantes de pós-graduação, terem aumentado 19% entre 2010 e 2016, isso não foi suficiente para ampliar o número de mestres e doutores no País. E, mesmo com esse salto, o gasto por aluno no Brasil (US$ 14.200, equivalente a R$ 58 mil) é inferior à média da OCDE (US$ 16.100, equivalente a R$ 66 mil), com valores calculados no conceito de paridade de compra, que leva em conta o que se pode adquirir com a moeda no País.


Há muitos problemas em todos os níveis de ensino. Apenas 23% das crianças até 3 anos estão matriculadas em creches (na OCDE a média é 36%), enquanto só 8% dos jovens brasileiros concluíram o Ensino Médio e tiveram acesso a ensino profissionalizante, enquanto esse percentual na OCDE é 40%, em média.


O drama da pós-graduação é, porém, grave e preocupante, na medida em que limita as perspectivas para o futuro do País: neste ano, já foram cortadas mais de 11 mil bolsas de mestrado e doutorado. Embora tenha sido anunciado que 3 mil delas serão reativadas, elas atingem apenas os cursos com notas 5, 6 e 7, que são a minoria. Aqueles que têm notas 3 e 4, que precisam de apoio para crescer e incentivar a pesquisa, não foram contemplados. Para 2020, o cenário é sombrio, com reduções nos orçamentos, que chegam à metade do que foi destinado neste ano para a Capes, agência de fomento do Ministério da Educação.


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