Organizar bandas de carnaval

Apresentação das bandas não é espontânea: elas fazem parte de calendário oficial, com ciência e acompanhamento da prefeitura e da Polícia Militar. Nota-se, porém, que isso não é suficiente

Por: Da Redação  -  31/01/20  -  18:40

Diante dos graves incidentes na noite da última terça-feira (28), quando marginais promoveram arrastão durante a apresentação da banda Carnatole, no bairro Gonzaga, não restava outra opção à Prefeitura de Santos senão suspender esses eventos até que tudo seja reorganizado. Os relatos de violência, considerados por moradores como autênticas cenas de guerra, exigem resposta imediata das autoridades.


Confusão e brigas em desfiles de carnaval não constituem novidade em Santos. Desde o ocorrido há mais de 20 anos no tradicional Banho de Dona Doroteia, há sucessão de problemas: em 1999, houve tiroteio e briga de gangues na apresentação da Banda da Serra do Mar, com a morte de um adolescente de 17 anos; em 2003, um jovem foi baleado durante desfile da banda Segura do Bagre; em 2017 houve roubos e agressões no evento promovido pela Sangue Jovem; e em 2018 tumultos aconteceram após concentrações da Dragões do Saboó e da Vila Belmiro.


Não se trata de cancelar desfiles de blocos carnavalescos. Eles são importante manifestação de alegria, e representam o autêntico Carnaval de rua, que deve ser mantido e ampliado. Em São Paulo, eventos com blocos têm se multiplicado nos últimos anos, fazendo da capital paulista um dos destinos mais procurados por turistas nas festas de Momo.


É preciso, portanto, organizar o processo. A apresentação das bandas não é espontânea: elas fazem parte de calendário oficial, com ciência e acompanhamento da Prefeitura e da Polícia Militar. Nota-se, porém, que isso não é suficiente. O primeiro ponto a considerar é a localização dos desfiles: de fato, não é razoável programar eventos como esse em vias como a rua Tolentino Filgueiras, como foi o caso da banda Carnatole.


Estreita, com grande densidade de moradores e comércio (17 estabelecimentos em 400 metros, quase todos gastronômicos), não é indicada para tais apresentações, uma vez que o confinamento do espaço favorece a ação dos marginais.


Devem ser buscados espaços mais amplos, que trazem menos problemas à população e ao mesmo tempo permitem ações preventivas de segurança, além de concentrar as apresentações de várias bandas. É o que acontece em grandes shows ao ar livre, como é feito no Rio de Janeiro.


Outro ponto fundamental é o planejamento da ação policial que, embora discreta, sem comprometer o espírito dos desfiles, deve ser firme e capaz de prevenir e intimidar criminosos que se aproveitam deles para promover roubos, violência e ataque à população que busca divertimento neles.


Espera-se que as respostas sejam dadas rapidamente, de modo a não comprometer os desfiles programados. Mas, sem que haja reformulação completa do modelo, a população não pode ficar exposta a atos de violência e insegurança como os que aconteceram nesta semana.


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