Obras pós-crise

Com a crise desencadeada pela covid-19 grandes déficits começam a aparecer nas contas do governo

Por: Da Redação  -  10/04/20  -  20:37

Persiste a crise desencadeada pela covid-19 e não há perspectivas de solução em prazo curto. O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, prevê que o déficit primário do setor público, que reúne as contas do Governo Federal e das unidades da Federação, pode chegar a R$ 500 bilhões, muito acima do registrado em 2019 (R$ 61,9 bilhões) e da previsão do Orçamento de 2020 (R$ 124 bilhões). As previsões para o PIB neste ano já apontam queda entre 2,5% a 4%, e números preliminares das vendas no varejo em março mostram queda recorde: mesmo considerando que o isolamento social só foi decretado no final do mês, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (ibre/FGV) prevê recuo de 13,7% em relação a fevereiro, a maior baixa da série histórica, iniciada em 2003.


O governo já admite que as medidas para atenuar as consequências do coronavírus podem prosseguir até 2021. Crédito para microempresas está na lista de novas medidas nesse sentido, com a criação de linha emergencial para empresas com faturamento inferior a R$ 360 mil, além de elevação das transferências que permitam a renegociação de dívidas de Estados com organismos internacionais. Até o momento, as medidas divulgadas terão impacto fiscal de R$ 224,2 bilhões, equivalente a 2,97% do PIB nacional, e que podem chegar a R$ 300 bilhões.


O quadro é muito grave. Mas é preciso olhar adiante e, desde já, começar a desenhar alternativas para a retomada. Não há dúvida que todos - governos e empresas privadas - sairão da crise em situação delicada, mas será necessário um esforço, notadamente do setor público, para que investimentos capazes de gerar empregos e renda sejam promovidos.


O Ministério da Infraestrutura, além de apostar na continuidade de seu programa de concessões ainda neste ano, planeja lançar um pacote de obras capazes de impulsionar a economia após a pandemia. Estão previstos cerca de R$ 30 bilhões de aportes (até 2022) em 70 novos empreendimentos na área de transportes. Os projetos executivos estão prontos, e as licenças ambientais já foram obtidas.


É correta essa iniciativa. Em tempos de crise profunda, como a atual, medidas anticíclicas são absolutamente necessárias. A projeção é que a realização desse conjunto de obras gere aproximadamente 1 milhão de empregos. São dezenas de obras rodoviárias, espalhadas por todo o País, além de outras nos portos (entre as quais a dragagem do Porto de Santos e a conclusão das avenidas perimetrais do complexo), e obras em diversos aeroportos regionais. Em ferrovias, haverá aumento nos investimentos destinados à construção da Ferrovia de Integração Oeste Leste (Fiol).


Espera-se que o governo tenha fôlego para dar sequência a tais projetos. Eles serão decisivos para a recuperação econômica após a pandemia da covid-19. 


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