O que fazer com o lixo?

Inovações surgem e devem ser debatidas. À sociedade cabe ter consciência do lixo que produz e os impactos que gera no ambiente

Por: Da Redação  -  19/07/20  -  11:37

Desde que o mundo é mundo e seus habitantes decidiram colocar certa ordem na vida em sociedade, a questão do lixo urbano é um tema sempre em pauta. Até bem pouco tempo atrás, toneladas de detritos eram despejadas, na maioria das cidades, em lixões a céu aberto, sem tratamento ambiental adequado. Em muitos municípios Brasil afora ainda é assim, e com o agravante de que famílias inteiras vivem de consumir e comercializar os descartes jogados em terrenos, matas e áreas urbanas. 


Até duas décadas atrás, cidades da Baixada Santista ainda viviam essa realidade. Em Santos, funcionou até início dos anos 2000 o Lixão da Alemoa, que tinha ao seu redor uma comunidade “lixodependente” com mais de 400 famílias. São Vicente também dispunha toneladas no Lixão do Sambaiatuba. 


Por força de uma sociedade mais consciente, da imprensa, do Ministério Público e dos órgãos ambientais, esses lixões têm sido gradativamente desativados e substituídos por aterros sanitários, onde há melhor controle dos vetores que poluem o meio ambiente e, em geral, se mantêm longe de alimentar comunidades que vivem da catação.


A evolução da sociedade, das tecnologias e a noção de finitude dos recursos naturais exigem um passo adiante nessa caminhada. A ordem, agora, é reduzir ao máximo o consumo, reciclar, reutilizar. Aterros sanitários têm vida útil e, por mais que possam ser ampliados, um dia estarão exauridos.


No Brasil em geral, e nos municípios da Baixada Santista em particular, a situação não é diferente. O Aterro Sanitário do Sítio das Neves, na área continental de Santos, recebe a produção diária de sete dos nove municípios, o que equivale a 1.500 toneladas diárias. O índice de separação para a coleta seletiva não chega a 5% de tudo que se produz. Estima-se que o aterro tenha vida útil de, no máximo, mais cinco ou seis anos.


Sempre é possível pensar em licenciar uma nova célula desse aterro, ampliando sua capacidade, mas começa a tomar corpo nos debates uma proposta diferente, que sugere a produção de energia elétrica a partir de micropartículas processadas dos detritos.


Reações adversas também começam a surgir, sob o argumento de que haverá liberação de gases poluentes e maléficos ao meio ambiente. Em princípio, o projeto ora em análise nos órgãos ambientais parece estar em conformidade com novas tecnologias, já utilizadas em países europeus. O que parece faltar, isto sim, é mais informação e detalhamento do processo, para que a análise seja rigorosamente técnica .


Não há porque descartar novas tecnologias, desde que venham acompanhadas de uma linguagem de fácil compreensão por parte da comunidade. Por outro lado, nenhuma solução final para o lixo desobriga a sociedade de reduzir sua produção. E à indústria cabe abraçar a logística reversa, recolocando em sua cadeia produtiva aquilo que ela mesma gerou.
 


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter