O peso do auxílio

A região sentiu fortemente o impacto da pandemia por ter uma base forte de serviços, como comércio e turismo

Por: Da Redação  -  07/01/21  -  09:26

Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e economistas recomendam a continuação, ainda que em doses moderadas, das medidas de apoio à população e às empresas neste ano como forma de combater os efeitos da pandemia. O governo optou por não adotar uma nova leva de injeção de recursos públicos sob o convincente argumento do péssimo momento fiscal. Por isso, é previsível que o País desacelere sua recuperação ou mesmo sofra algum revés. A expectativa é que o desemprego aumente da casa de 14 milhões para 16 milhões. Apenas o medo de perder o próprio posto de trabalho já faz com que o cidadão reduza seus gastos. Além disso, existe o fenômeno da poupança precaucional, que tem efeito parecido ao do corte de empregos, que é impactar negativamente no consumo. Por isso, o governo precisa rever sua decisão de descontinuar o auxílio emergencial ou, pelo menos, como sinalizou ontem, aprimorar o Bolsa Família.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


A Baixada Santista sentiu fortemente o impacto econômico da pandemia por ter uma base forte de serviços, como comércio e atividades turísticas. Eles funcionam retraídos desde o início da disseminação do novo coronavírus e assim deve permanecer até a vacinação conseguir cercar a doença. Segundo reportagem publicada ontem em A Tribuna, a região recebeu R$ 393 milhões mensais em média do auxílio emergencial. O valor mostra a dimensão da injeção de recursos que a Baixada passa a deixar de receber, o que sinaliza também uma perda acentuada para a economia local. O dinheiro era pago a microempreendedores individuais, desempregados e outros brasileiros com renda inferior a três salários mínimos, uma faixa volumosa e carente da população.


O auxílio custava por volta de R$ 52 bilhões mensais ao governo na primeira etapa do benefício, quando o valor individual era de R$ 600 mensais. Na fase seguinte, de R$ 300, o Tribunal de Contas da União passou a questionar as fraudes, com pagamentos a grupos que oficialmente não deveriam ter sido contemplados, um abuso que ainda precisa ser melhor investigado. Contabilmente, ainda há sobras do chamado orçamento de guerra que prevê recursos para a pandemia, mas de concreto o caixa federal vai de mal a pior. O endividamento público saltou da casa dos quase 80% para perto de 100% do Produto Interno Bruto (PIB). Não se compara aos 250% do Japão, mas a diferença é que o país asiático atrai credores sob condições bem mais favoráveis do que o Brasil.


Apesar da gravidade da situação das contas públicas, era fundamental que o governo tivesse feito ajustes profundos e reformas. O presidente Jair Bolsonaro preferiu desidratar as mudanças na Previdência e engavetar correções nos gastos com o funcionalismo para evitar desgaste eleitoral. Sem auxílio, o impacto no curto prazo será de empobrecimento da população, algo que não é simples de ser revertido quando o Estado está sem espaço para fazer investimentos.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter