O pós-pandemia

A união de prefeitos e autoridades em torno da retomada da economia local será fundamental quando a crise sanitária passar

Por: Da Redação  -  24/05/20  -  12:45

A Baixada Santista tem vivenciado, desde o início da pandemia da Covid-19, um movimento diferente e desejado desde que se criou a região metropolitana: a união dos prefeitos em torno de conquistas comuns, uniformidade, defesa da região e regramento homogêneo. Guardadas as devidas características que as diferenciam, esse sempre foi o caminho esperado para uma região que quer crescer junto.


Os nove prefeitos têm debatido, com a frequência adequada, a normatização da quarentena, a flexibilização ou não das regras, a rigidez para as barreiras turísticas e, enfim, a padronização de procedimentos. Foi assim, com essa força, que a região conquistou recursos para a abertura de 350 novos leitos, divididos entre Itanhaém, Praia Grande e Santos. Uma conquista necessária para uma região que figura entre as mais atingidas pela doença no Estado.


Ainda que a prioridade seja salvar vidas e achatar a curva epidemiológica, a força demonstrada até aqui será necessária para chamar a atenção do Estado e do Governo Federal para o que pode ser uma das maiores crises econômicas da região. É o que se avizinha diante de duas notícias que parecem ainda não ter tido a repercussão necessária.


Há uma semana, a Usiminas começou a dispensa de centenas de funcionários, total estimado em mais de 900, segundo o sindicato da categoria. As medidas são fruto da crise gerada no mercado do aço, com retração de até 50% em março e abril, notadamente na indústria automotiva. Se a produção da unidade de Cubatão já havia sido reduzida a patamares mínimos nos últimos anos, a retomada de sua pujança e posição no pólo petroquímico de Cubatão ficará ainda mais distante.


Também esta semana, a Petrobras anunciou que, a partir de 1º de junho, os 937 funcionários que trabalham nas sete plataformas de exploração e produção de petróleo ligadas à Unidade de Negócios da Bacia de Santos serão transferidos para o Rio de Janeiro. Sendo assim, que sentido haveria em manter uma unidade de negócios na Baixada Santista? O temor maior é que, paulatinamente, todas as atividades que ainda existem na região possam ser paulatinamente esvaziadas, enterrando de vez o sonho de ver a Baixada Santista como o polo que se sonhava em meados dos anos 2000. Não é preciso dizer o quanto se investiu para dotar a região de condições adequadas para acolher essa demanda, especialmente a construção civil.


A redução das atividades da Usiminas e da Petrobras impõe à região um futuro econômico ainda mais desafiador que o restante do Estado no pós-pandemia. E convoca as lideranças e autoridades a fazer a mesma lição de casa que vem sendo feita até aqui, e que foi criada pelo desafio da covid-19. Que esse embalo de união demonstrada durante a pandemia continue e se fortaleça. Ou isso ou a região poderá viver em breve dias de profunda crise econômica. 


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