O lado ambiental de Biden

O governo não estimula energias renováveis, ignorando oportunidades de inovação e de investimento

Por: Da Redação  -  30/01/21  -  09:00

Nas medidas executivas do clima assinadas na quarta-feira pelo presidente americano Joe Biden, havia uma referência à Amazônia, para a qual ele pretende criar um plano de proteção. A simples menção deve ter gerado apreensão no governo, que costuma externar que a floresta apenas é cobiçada internacionalmente por suas riquezas. O que se tem de real no momento, é que a destruição da mata está desenfreada ,assim como no Cerrado e em outros biomas. Os reflexos ambientais são bem claros, com estações secas ou temporais devastadores, alertados pelos cientistas como efeitos das mudanças climáticas.


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O governo brasileiro pouco se move em relação à reversão praticamente total dos EUA nessa área. Biden, quando vice de Barack Obama, atuou nas negociações climáticas e agora recrutou John Kerry do alto escalão democrata para ser assessor presidencial do clima. Segundo Kerry, Biden é "profundamente comprometido com essa questão". O presidente americano, na campanha eleitoral, prometeu tentar convencer o Brasil a preservar a Amazônia sob risco de retaliação econômica. Seria previsível o Brasil ter protestado, aliás, o presidente Jair Bolsonaro o fez, mas o adesão ideológica ao trumpismo macula a diplomacia conduzida pelo chanceler Ernesto Araújo. Para piorar, o ministro chegou a chamar os extremistas que vandalizaram o Capitólio de "bons cidadãos", lembrando que Araújo não tem mais interlocução com a China.


Biden deixou claro que pretende disputar o protagonismo das preocupaçoes ambientais, cacife que pode ser facilmente conferido pela potência que os EUA são. A Casa Branca vai retomar em 22 de abril o Fórum das Grandes Economias para Energia e Clima, encontro lançado por Obama e interrompido por Donald Trump. Trata-se de um evento do governo americano e, assim, o país convida quem bem entender. Da última vez o Brasil participou e, se desta vez não for chamado, não restarão dúvidas de que o País se tornou pária da diplomacia mundial. Mas é esperado que seja convidado pela importância da Amazônia. Apesar da péssima imagem de Bolsonaro junto aos democratas, a gestão Biden segue as regras do jogo da polidez antes de falar grosso. A porta-voz do presidente americano, Jen Psaki, disse que o Brasil será "parceiro-chave" no debate das questões climáticas que os EUA planejam liderar.


Ainda não se sabe se realmente Bolsonaro pretende continuar com sua inoportuna política externa. Ao mesmo tempo em que publicamente afaga Araújo, da ala ideológica e bem inserido no eleitorado bolsonarista, nos bastidores o ministro sofre intensa fritura em nome do diálogo com os americanos. O que se espera é que internamente a política ambiental respeite as mudanças climáticas não por uma bronca externa, mas porque os sinais da natureza estao aí. Além disso, o governo não estimula o uso de energias renováveis, ignorando oportunidades tecnológicas, de inovação e de investimento.


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