Na praia, sob restrições

Um dos riscos da reabertura, ainda que parcial, é passar a impressão aos mais descuidados que o pior já se deu

Por: Da Redação  -  23/06/20  -  11:37

Em meio às restrições para evitar aglomeração, os santistas puderam ontem retornar à praia para prática de esportes individuais, mantendo distanciamento entre cinco e dez metros, conforme a modalidade. Amanhã, também será possível frequentar os shopping centers da Cidade mediante regras rigorosas de acesso. Essas flexibilizações foram anunciadas no final de semana pelo prefeito Paulo Alexandre Barbosa sob a alegação de que o percentual médio de ocupação dos leitos de UTI para covid-19 caiu do pico de 80% em 17 de maio para atuais 62%, o que dá segurança para o setor de Saúde suportar eventual aumento brusco de internações. Entretanto, assume-se um sério risco relacionado à disseminação da doença, que está longe de cessar.


Em Santos, apenas ontem foram registrados 103 casos, ampliando para 7.813 o total de registros no Município. O problema central é que parte da população não segue as recomendações e tende a burlar as normas de frequência nos locais com regras recentemente flexibilizadas, bem como não usam suas máscaras adequadamente ou andam em grupos. Pois é essa minoria que pode se infectar e levar para suas residências e bairros a contaminação pelo novo coronavírus. Dessa forma, a covid-19 persiste. Com o isolamento, ainda que flexibilizado, entrando no seu quarto mês, o registro de casos continua intenso no País, avançando mais fortemente em regiões que até então apresentavam menor incidência, como o Centro-Oeste, Minas Gerais e até as periferias das grandes cidades.


Entretanto, apesar das falhas nas estratégias de âmbito nacional no combate à covid-19, é preciso ter foco no que pode ser feito localmente. Uma vez adotado o processo de flexibilização, é preciso que as autoridades municipais – isso vale para qualquer cidade da região e não apenas Santos – sejam rigorosas na fiscalização das normas de afrouxamento. Já está claro que não é possível confiar na adesão voluntária da população ao isolamento como arma contra o novo coronavírus. Se essa participação por vontade própria funcionasse, em áreas de elevada incidência, como a Baixada Santista e a Capital, não haveria um público tão volumoso nas ruas, parques ou praias, como é o caso do Rio de Janeiro. 


O retorno às praias tem um regramento de fácil compreensão, baseado no distanciamento. Já a frequência nos shoppings tem um número maior de exigências e é preciso informar adequadamente a população para evitar formação de filas desnecessárias. A experiência de outras cidades, como São Vicente, onde já houve reabertura desses centros comerciais, sinaliza os cuidados necessários. 


Deve-se admitir que um dos riscos da reabertura, ainda que parcial, é passar a impressão aos mais descuidados que o pior já se deu. A segunda onda é uma realidade nos Estados Unidos, com alguns surtos localizados na Alemanha, China e Coreia do Sul. Portanto, a vigilância não pode ser arrefecida.


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