Número de mortos pode ser maior

Análises coletadas pelo jornal Financial Times mostram que, durante a pandemia, houve 122 mil mortes acima da média normal nesses países em condições normais

Por: Da Redação  -  28/04/20  -  19:57

Análise realizada pelo jornal Financial Times, com base em dados oficiais de óbitos ocorridos em 14 países, apontou que o número de mortes provocado pelo novo coronavírus pode ser muito maior do que o das contagens oficiais. As informações coletadas mostram que, durante a pandemia, houve 122 mil mortes acima da média normal nesses países em condições normais. Somando esse número à quantidade de óbitos que foram confirmadas pela Covid-19, ele subiria de 201 mil para 318 mil, com aumento de quase 60%.


É verdade que nem todos morreram vítimas do coronavírus. Muitos pacientes graves de outras doenças podem ter evitado ir a hospitais, diante da superlotação registrada, mas é fora de dúvida que a subnotificação é real. Por outro lado, o confinamento fez com que a mortalidade por motivos como acidentes de trânsito e de trabalho tenha diminuído. No Brasil, todos os dias, as estatísticas mostram casos e mortes suspeitas ao lado de casos e mortes confirmadas.


Na Baixada Santista, as informações relativas ao final de semana mostravam 1.139 casos confirmados, com 85 mortes, mas havia 1.512 casos suspeitos e 52 mortes ainda em investigação. A grande incerteza se refere a mortos e infectados, cuja quantidade é muito maior do que a divulgada, tendo em vista aqueles pacientes assintomáticos, ou com quadros leves da doença, bem como outros que, embora graves, não foram diagnosticados corretamente.


As taxas de incidência e letalidade resultam, portanto, duvidosas. Isso não significa, porém, que a pandemia não esteja em ascensão, ou que o quadro seja de tranquilidade. Ao contrário: especialistas alertam que o número de casos e de mortos pela Covid-19 é ainda maior do que mostram estatísticas oficiais.


O levantamento feito pelo Financial Times mostrou situações dramáticas, como a região em torno de Bérgamo, na Itália, em que o número de mortos foi 464% superior à média histórica, seguida por Nova York, com 200% e Madrid, com 161%. Na Lombardia, onde a pandemia teve o maior impacto na Europa, foram 13 mil mortos a mais do que nas estatísticas oficiais (que atribuíram 4,3 mil mortes à Covid-19).


Especialistas alertam ainda para o alto grau de subnotificação de casos de coronavírus em óbitos em asilos para idosos, que são mais vulneráveis a contrair a doença, ressaltando que são poucos os países que testam sistematicamente funcionários e residentes nessas casas de repouso.


É importante, portanto, para que ações de retomada sejam empreendidas que testes sejam realizados, determinando com precisão maior a prevalência do vírus e a taxa de letalidade. O trabalho que será iniciado nesta semana na região tem esse objetivo, quando 10.000 testes serão aplicados em quatro etapas, resultando essencial para o combate à Covid-19.


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