Não é um debate saúde x economia

Saúde sempre será prioridade, mas é fato que pequenas empresas locais também precisam de atenção

Por: Da Redação  -  06/05/20  -  12:19

A Prefeitura de Santos divulgou esta semana os resultados da primeira fase dos testes que vão identificar quantos cidadãos da Baixada Santista já foram infectados pelo coronavírus, mesmo que tenham sido assintomáticos. O estudo, que totalizará 10 mil testes ao final, busca dimensionar qual a porcentagem da população de quase 2 milhões de habitantes que já entrou em contato com o vírus, e que pode já estar imunizado para a doença.


Nessa primeira fase, apenas 1,41% das pessoas testadas deram positivo para coronavírus, o que evidencia duas situações: a primeira, o isolamento social, ainda que relaxado em algumas cidades, está funcionando; a segunda, que há muita gente ainda potencialmente vítima da doença (98%).


Os números são fundamentais para definir a política do confinamento e avaliar os passos a serem tomados pelas prefeituras na área da saúde, e até eventual flexibilização de regras conforme a curva de contaminados. 


Não é preciso dizer que adotar medidas com base em dados reais e não opiniões diversas é a melhor política em saúde pública. Porém, algumas iniciativas precisam ser anunciadas e colocadas em prática independentemente dos dados.


Não se discute se a economia é mais importante que a saúde. Esse é um debate inócuo e improdutivo. Se a quarentena precisar ser estendida para que se salvem mais vidas, para que a contaminação se dê de forma a não sobrecarregar o sistema de saúde, que assim seja, não se discute. Mas a adoção dessa eventual medida não pode deixar de lado a necessidade urgente de dar uma resposta ao setor produtivo local. Pequenos comércios, lojas de rua, de shoppings, negócios que precisaram fechar as portas por força maior, a saúde, só conseguirão superar o momento ímpar da economia com ajuda dos governos – municipais incluídos.


Na pauta dos encontros metropolitanos, imprescindível é debater a saúde, não se tem dúvida, mas encontrar caminhos comuns que deem uma resposta a esses comerciantes é o gesto que se espera decorridos dois meses de quarentena. Compreende-se que as receitas municipais entraram numa curva descendente, com perda de ISS principalmente, e que as despesas da saúde, ao contrário, cresceram exponencialmente. Porém, é preciso entender que o prejuízo será ainda maior, na pós-pandemia, se centenas de milhares de famílias tiverem perdido seus empregos por falta de uma ação específica para esses pequenos negócios.


Algumas iniciativas têm partido dos bancos oficiais e até mesmo dos governos estaduais e federal, porém, nem sempre pequenos empresários locais têm capacidade financeira e técnica para acessar esses benefícios.


É urgente que se coloque o tema na pauta metropolitana. Se saúde e economia não são debates excludentes para se definir a continuidade ou não da quarentena, também não podem ser na agenda de atenções por parte das prefeituras locais.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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