Não é o fim do mundo

Os efeitos econômicos por causa do coronavírus são relevantes. É precipitado, porém, assumir o cenário do caos

Por: Da Redação  -  03/03/20  -  09:39

A Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou a ameaça internacional do coronavírus de "alta" para "muito alta", a mais grave de novo sistema de alerta de quatro fases da entidade. Há preocupação com os riscos, cada vez maiores, da dispersão da doença sem controle e do impacto que isso pode causar. O diretor da OMS, Tedros Ghebreyesus, declarou, porém, que, embora o vírus tenha potencial para tornar-se pandêmico, esta situação ainda não se coloca, uma vez que a epidemia pode ser contida e deve-se evitar pânico desnecessário, com reações exageradas, caracterizadas por mais fechamentos de cidades, vetos a viagens e danos à atividade econômica.


O medo está presente, entretanto. No Brasil, onde há apenas dois casos confirmados, pessoas buscam máscaras faciais (inúteis para proteger as pessoas do contágio) e frascos de álcool gel, que desapareceram das prateleiras das farmácias. Há muita desinformação, especialmente nas mídias e redes sociais, que propagam notícias e recomendações falsas, que só aumentam o pânico da população.


Os efeitos econômicos são relevantes. As bolsas de valores despencaram em todo o mundo, com desvalorizações de mais de 10% na última semana, as maiores desde a crise mundial de 2008. O Ibovespa caiu 8,36%, o pior recuo semanal desde maio de 2017, quando houve a divulgação de gravação de conversa entre o empresário Joesley Batista e o então presidente Michel Temer. As moedas dos países emergentes, incluindo o real, tiveram forte desvalorização diante do dólar, em claro movimento de busca de proteção dos investidores.


É precipitado, porém, assumir o cenário do caos. Embora todos os países admitam que suas economias foram afetadas, com projeção de queda nas previsões de crescimento do PIB para 2020, e o Fed (Banco Central dos Estados Unidos) admitindo que poderá socorrer o mercado financeiro cortando juros, não há razão para o pânico.


As pessoas não devem correr para unidades de pronto atendimento e hospitais com problemas respiratórios leves, que pode sobrecarregar o sistema, comprometer o atendimento e aumentar ainda mais as atuais preocupações. Embora o coronavírus seja facilmente transmissível, sua letalidade é muito baixa, e o importante é manter cuidados básicos, como lavar as mãos e alterar a etiqueta de cumprimentos. É preciso confiar na ciência, que rapidamente trará respostas a muitas dúvidas, como sobre a propagação do vírus em ambientes tropicais, se pacientes assintomáticos são bons transmissores e se aqueles que já tiveram a doença se tornam imunes, com o desenvolvimento de vacinas para conter definitivamente a doença.


O mundo não irá acabar nas próximas semanas ou meses. Haverá problemas, e o sistema de saúde deve se preparar para enfrentá-los. A economia também sofrerá, mas as perdas serão compensadas. 


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