Mundo cresce menos

Além da queda no comércio mundial, as principais economias vêm registrando quedas na sua produção industrial e nos índices de confiança dos empresários

Por: Da Redação  -  25/10/19  -  20:14

O relatório Panorama Econômico Mundial, divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) neste mês, apontou que o PIB mundial deve crescer 3% em 2019, 0,2 ponto percentual abaixo da previsão anterior, feita em julho. Há nítida desaceleração em relação ao ano anterior, quando o PIB global avançou 3,6%. Nota-se que o recuo se deu tanto entre as economias avançadas (queda no crescimento de 2,3% para 1,7%) quanto nas economias emergentes (redução de 4,5% para 3,9%). Todos os países estão nessa situação, incluindo-se os recordistas China e Índia, cujo crescimento anual ficará em 2019 em 6,1%, contra 6,6% e 6,8% em 2018, respectivamente.


Para 2020, embora as previsões sejam de expansão, ela também recuou ligeiramente, de 3,5% para 3,4%. As economias avançadas ficarão no mesmo patamar de 2019 (crescimento de 1,7%), enquanto as emergentes devem aumentar de 3,9% para 4,6%, influenciadas fortemente pela Índia, cujo PIB deve subir 7,0%. Segundo a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, a perspectiva global segue precária, com desaceleração sincronizada e recuperação incerta. 


A guerra comercial entre China e Estados Unidos, cuja temperatura arrefeceu nas últimas semanas, ainda é sério problema. Ela pode retirar 0,8 ponto percentual do PIB mundial, de forma cumulativa, até 2020. O efeito é mais intenso no comércio mundial, e o FMI cortou de 2,5% para 1,1% a projeção de seu avanço em 2019, que deve ser a menor desde 2012. Para o próximo ano, a projeção também foi reduzida, de 3,7% para 3,2%.


Além da queda no comércio mundial, as principais economias vêm registrando quedas na sua produção industrial e nos índices de confiança dos empresários. A produção e venda da indústria automobilística, que representa 5,7% da produção industrial global, está declinando (em 2018, ela caiu 3%). E, de maneira geral, os países ricos afetados pela crise mundial de 2008-2009 têm "munição limitada" para agir em caso de novos problemas, e ações dos Bancos Centrais (BCs) de injetar mais dinheiro nas economias afetadas trará pouco impacto sobre a atividade e muitas dúvidas sobre a sustentabilidade de um endividamento ainda maior. Ainda assim, o FMI registra que, sem os estímulos dos BCs, o crescimento global seria menor em 0,5 ponto percentual neste ano e em 2020.


O FMI também reduziu a projeção para o crescimento do PIB brasileiro no próximo ano, de 2,4% para 2,0%, que é o número esperado pelo mercado financeiro, segundo a pesquisa Focus, que é divulgada pelo Banco Central. Há, porém, o alerta sobre tal prognóstico que, segundo a instituição financeira internacional, só se concretizará se prosseguir o ajuste das contas públicas e das reformas estruturais em curso. Os desafios são grandes e exigirão ações efetivas, sem as quais o crescimento esperado pode sofrer ameaça.


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