Morte de ciclistas cresce na região

O elevado número de ciclistas mortos demonstra que as ciclovias e ciclofaixas precisam ser ampliadas na malha urbana das cidades da região

Por: Da Redação  -  23/01/20  -  08:39

Dados do Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo (Infosiga-SP) mostram expressivo aumento no número de ciclistas mortos na Baixada Santista em 2019. Embora o total de óbitos por acidentes de trânsito, de maneira geral, tenha recuado 2,2% em relação ao ano anterior (de 274 para 268 vítimas fatais), as mortes de ciclistas cresceram 68,6%, passando de 35 para 59 casos. Caíram, entretanto, as mortes em acidentes com veículos e caminhões (36,7%), pedestres (8,8%) e motocicletas (4,0%).


A comparação com a cidade de São Paulo revela quadro muito preocupante. Apesar do número de ciclistas mortos também ter crescido 63,6% na capital paulista entre 2018 e 2019, a quantidade de vítimas fatais no ano passado - 36 - foi muito menor, considerando-se ainda que a população paulistana é quase sete vezes maior do que a da Baixada Santista.


As estatísticas merecem ser analisadas com cuidado e atenção pelas autoridades. Especialistas chamam a atenção que aumentou, de modo significativo, o uso de bicicletas, devido à questão econômica pessoal (a crise obrigou muitos a deixar de utilizar o transporte coletivo) e pela presença maior de entregadores de aplicativos, embora neles ainda predominem as motocicletas.


O elevado número de ciclistas mortos demonstra também que as ciclovias e ciclofaixas precisam ser ampliadas na malha urbana das cidades da região. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Ciclistas (ABC), Jessé Teixeira Félix, a maior parte dos acidentes com bicicletas acontece em percursos curtos não cobertos por ciclovias. Ele ainda destaca que as três cidades da região nas quais os indicadores diminuíram - Guarujá, Mongaguá e Praia Grande - foram as que mais implantaram as pistas exclusivas nos últimos anos.


Há, portanto, relação direta entre a infraestrutura de circulação cicloviária e a maior segurança dos usuários, demonstrando que é preciso investir em obras e serviços que possam reduzir os acidentes. Mas há outro fator importante que merece ser ressaltado: a educação de condutores de bicicletas e motoristas de veículos, ônibus e caminhões.


É preciso assegurar o respeito dos veículos às bicicletas, com motoristas atentos e evitando excesso de velocidade e manobras perigosas que possam, ainda que de modo não intencional, atingir ciclistas. Mas é fundamental que estes também sigam as regras de trânsito. Infelizmente, o que se vê são condutores de bicicletas que trafegam nas calçadas e na contramão de ruas e avenidas, e evitam o uso das ciclovias, mesmo nos locais onde elas existem.


Campanhas de esclarecimento e informação são necessárias. As bicicletas constituem importante meio de transporte individual e integraram-se definitivamente à mobilidade urbana, exigindo políticas públicas eficientes.


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