Moradores de rua

Faltam políticas públicas eficientes e capazes de enfrentar a questão

Por: Da Redação  -  06/02/20  -  09:39

A divulgação de Censo em São Paulo para determinar a população de rua provocou grande polêmica. Segundo a Prefeitura, o número cresceu 53% em relação ao último levantamento, de 2015, quando foram identificadas 15.905 pessoas. A quantidade agora é de 24.344 indivíduos, predominando homens (85% do total), pardos e pretos (69,3%), com idade média de 42 anos.


Os dados finais foram, porém, contestados por recenseadores que participaram da contagem, e o Movimento Pop Rua afirmou que há mais de 32 mil pessoas em situação de rua em São Paulo, e que houve esvaziamento do Minhocão e da cracolândia três horas antes do trabalho dos entrevistadores, com denúncias que pessoas que vivem embaixo de pontes e viadutos não foram considerados moradores de rua, um dos fatores a explicara a divergência nos resultados.


O Cadastro Único, sistema do Ministério da Cidadania, aponta, de fato, números maiores, indicando que havia 33.292 famílias em dezembro de 2019 nessa condição. A Administração Municipal paulistana declarou que os dados apresentados seguem a mesma metodologia de censos anteriores, e que moradores de barracos ou ocupações em pequenas favelas não foram incluídos no levantamento.


Controvérsias à parte, o crescimento dessa população demonstra a gravidade do problema. O aumento tem sido contínuo desde 2000 (neste ano a população de rua atingia 8.706 pessoas), mas houve nítida aceleração nos últimos quatro anos, consequência direta da crise econômica por que passou o País entre 2014 e 2016, com maior desemprego e queda na renda das famílias.


Constata-se ainda a precariedade do atendimento. Em São Paulo, não há vagas suficientes em centros de acolhimento para que essa população possa dormir: são 17.200 vagas nos albergues para os quase 25.000 moradores de rua, e o quadro é ainda pior quando se considera que apenas 12.000 vagas são para pernoite, enquanto as outras são para que as pessoas passem o dia nos locais. Quando foi feito o censo, 12.651 indivíduos dormiam ao relento e 11.693 nos albergues.


Faltam políticas públicas eficientes e capazes de enfrentar a questão. Além do acolhimento em si, as ações de reintegração à sociedade, com oferta de empregos, são insuficientes, e esse não é um problema exclusivo da capital paulista. Em Santos, foi realizado, a partir de outubro de 2019, censo local sobre a população de rua na cidade, de modo a fornecer à Prefeitura informações para traçar políticas para esse segmento.


Os resultados ainda não foram divulgados, mas é esperado aumento em relação ao último levantamento, de 2013, que constatou 797 pessoas vivendo nas ruas. Elas vivem dramas terríveis, e enfrentam péssimas condições no dia a dia, a exigir respostas da Administração e envolvimento efetivo da sociedade para resolver essa questão.


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