Mensagem por trás dos números

É preciso orientar a população de que sintomas às vezes banais podem ter consequências mais sérias

Por: Da Redação  -  02/06/20  -  12:13

Impressiona o levantamento realizado por A Tribuna ao comparar os dados do novo coronavírus com os de outras doenças. Segundo a reportagem publicada nesta segunda-feira (1), em 61 dias, a pandemia matou cinco vezes mais do que as mortes causadas em cinco anos e quatro meses por dengue, gripe comum e a H1N1na Baixada Santista. O que preocupa é que no final de semana um número expressivo de pessoas ignorou as recomendações do isolamento e foi caminhar na Orla, revelando descuido com a vida dos mais próximos, inclusive dos parentes.


Nos últimos dois meses, a pandemia causou a morte de mais de 400 moradores da região. No caso das doença citadas na comparação, os registros foram computados desde abril de 2015. Só a dengue levou 28 vidas, um número bem menor que o das vítimas da pandemia. Mas que não deixa de ser grave, pois se trata de uma infecção que pode ser totalmente evitada se o mosquito transmissor for eliminado – o que se trata de um fracasso para as autoridades de saúde e a própria população, que deveria se conscientizar de não despejar lixo de forma incorreta.


Por outro lado, as gripes causaram 48 mortes, é verdade que em cinco anos. Mas, devido a essas contaminações, há muito tempo muitas vidas são perdidas, parte delas por falta de informação e descuido com higiene ou socialização. Não se deve ver as estatísticas de uma forma fria. É preciso orientar a população de que sintomas às vezes banais podem ter consequências sérias, principalmente para os mais idosos e os sujeitos a complicações respiratórias. Pelo menos, tudo indica que a pandemia mudará a sociedade sob o aspecto dos cuidados básicos em relação ao surgimento de sintomas, deixando-a mais atenta.


Incomodado com as pessoas que ignoraram as recomendações no âmbito do convívio social, o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, avalia impor uma fiscalização mais rigorosa. É uma pena que isso possa se dar pela falta de uma maior adesão voluntária às medidas restritivas em momento de alta transmissibilidade do vírus. Se todos cumprissem sua parte, os resultados positivos resultariam em uma rápida normalização das atividades econômicas hoje, infelizmente, muito comprometidas.


Não se deve ignorar experiências passadas, como é o caso da dengue, que se tornou endêmica. Na incapacidade de eliminá-la, talvez porque se pensa que ela é geralmente benigna e causa dores sem grandes consequências, a doença retorna todo ano e faz vítimas fatais. No caso da covid-19, há grande esforço pelo desenvolvimento de vacinas. Porém, é preciso ter os pés no chão. Ainda não se sabe da eficácia de eventuais imunizações e do custo delas. Se caras, poderão tornar a covid-19 endêmica em regiões pobres, disseminando-a devido à globalização para regiões desprotegidas. Há risco de mutação, tal como nas gripes. Enfim, não dá para abusar contra doença que ainda está sendo desvendada pela ciência.


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