Medida essencial contra Covid-19

A testagem santista será uma medida de impacto localizado. O ideal é a aplicação ser feita nas demais cidades da região e Estado

Por: Da Redação  -  12/05/20  -  13:01

A testagem em massa da população para identificar contaminados pela Covid-19 é um dos pilares do combate ao novo coronavírus. A medida permite à vigilância epidemiológica encontrar correntes da infecção, tanto em áreas específicas, inclusive condomínios, como grupos da sociedade ou em empresas. Por isso, a decisão da Prefeitura de Santos de começar nesta quarta-feira (13) a testar 10 mil pessoas por meio de drive-thru no Mendes Convention Center é uma iniciativa que merece total apoio.


A testagem em Santos será feita mediante critérios, como adesão gratuita e triagem por meio de checagem de temperatura e oxigenação do sangue. Como os testes são rápidos e suscetíveis a falhas, os casos positivos serão encaminhados para o exame de PCR, mais eficiente, que confirmará os resultados. Desta forma, ainda que tardiamente, Santos segue os passos de Santa Catarina e de países como a Coreia do Sul, que utilizaram a testagem como estratégia fundamental para reagir frente ao vírus.


Porém, a testagem santista será uma medida de impacto localizado, pois o ideal é que a aplicação fosse feita nas demais cidades da região e do Estado. Infelizmente, a ausência de uma liderança nacional no combate ao coronavirus, que seria o Governo Federal, deixa os demais entes da federação agindo com soluções próprias. Não há até este momento um grande plano brasileiro com uma carteira de estratégias frente à Covid-19.


Assim, conforme os casos de contaminação e morte se multiplicam, há o risco de haver uma grande bagunça nas medidas adotadas por prefeitos e governadores. O negacionismo do presidente Jair Bolsonaro em relação ao isolamento e à gravidade da doença claramente desestimula uma política mais séria e centralizada nesse campo. 


Por isso, adesões a processos de relaxamento e implantação de lockdown começam a ser adotados de uma maneira confusa e não há consenso de que isso é feito de forma eficiente. Fica a possibilidade do novo coronavírus encontrar corredores de transmissão pelo País, principalmente para estados populosos e bem servidos de sistemas de transportes, com menos casos até o momento, como Minas Gerais e Paraná. Além disso, há uma tendência de interiorização da contaminação, com registro de infecções em cidades pequenas que não têm UTIs e muito menos respiradores, o que estimula tráfego de pacientes em busca de tratamento e lotação de hospitais nas cidades de referência.


Fica o alerta do noticiário com o registro de novos casos na China e Coreia do Sul. As autoridades identificaram respectivamente transmissões em condomínios e entre frequentadores de casas noturnas, o que indica que a volta das aglomerações é extremamente contra-indicada. Infelizmente, no Brasil, o Governo Federal e alguns prefeitos por todo o País preferem não seguir a ciência, observando apenas a economia e as eleições no final do ano. Isso é inadmissível.


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