Manter os prédios históricos

Imóveis antigos exigem cuidados especiais. O desgaste é maior, tendo em vista suas características construtivas, e exige-se que sua conservação seja objeto de programas contínuos e permanentes

Por: Da Redação  -  16/01/20  -  10:31
Atualizado em 16/01/20 - 10:37

A Prefeitura de Santos anunciou que irá iniciar grande restauração na Casa do Trem Bélico, a mais antiga edificação da cidade. Embora a data de construção do imóvel não seja precisa (algumas pesquisas indicam que ela teria sido erguida entre 1640 e 1656; outras em 1734), não há dúvida sobre sua importância e valor histórico.


É positiva a iniciativa da Administração Municipal em realizar obras no local. Com prazo de quatro meses, terão custo de R$ 549 mil, e será mais uma intervenção no prédio. Ao longo dos últimos anos, várias reformas aconteceram, sendo a última delas no início do ano passado, mas, segundo a Prefeitura, chuvas e a proximidade com a Avenida Perimetral do porto (cujo tráfego intenso de caminhões provoca trepidação do imóvel, situado próximo a ela) justificam as novas obras.


Serão restauradas as fachadas, com recomposição de portas e janelas, reformado o telhado, além da limpeza e recuperação da rampa de acesso, gradis e escada caracol interna. Está ainda prevista a troca do vidro da cobertura que interliga o prédio principal ao anexo, a substituição da iluminação externa, enquanto o piso e teto de madeira serão envernizados.


Imóveis antigos exigem cuidados especiais. O desgaste é maior, tendo em vista suas características construtivas, e exige-se que sua conservação seja objeto de programas contínuos e permanentes. Interrompidos, levam à rápida e acentuada deterioração, com consequências graves e custos muito maiores para que depois sejam recuperados.


Nesse sentido, é correta a intenção da Prefeitura de realizar intervenções em outros prédios históricos, como o Museu Pelé, os teatros Coliseu e Guarany e o Outeiro de Santa Catarina. Todos eles apresentam vários problemas e é necessário corrigi-los, e principalmente manter processo de revisão anual, impedindo que o desgaste se acentue, comprometendo inclusive sua utilização.


Esse ponto é particularmente importante. O tripé da preservação do patrimônio histórico é composto pelo tombamento dos bens, pela sua restauração, e pelo uso permanente. O instituto do tombamento é válido e necessário, embora por si só não garanta a continuidade dos imóveis (em muitos casos, principalmente nos bens privados, leva ao abandono e à ruína). As reformas, difíceis, complexas e caras, são o passo seguinte, e devem envolver o poder público e o setor privado, por meio de incentivos fiscais.


Mas não é suficiente tombar e restaurar. Edifícios históricos precisam ser utilizados, e nem todos serão museus. A parceria público-privada pode ser grande saída, com o uso para fins de empresas desses bens. Eles precisam continuar integrados à vida efetiva das cidades: muitos serão atrações turísticas e culturais; outros, porém, podem ser aproveitados para funções privadas, com vantagens para todos.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter