Projeções indicam grande crescimento da frota de veículos na Baixada Santista até 2030. Nos próximos 10 anos, a estimativa é que a população da região aumente 6,8%, chegando a 1,958 milhão de habitantes, enquanto a quantidade de veículos em circulação deve atingir 1,108 milhão, representando avanço de 22% em relação à situação atual (908 mil).
Os números são preocupantes. Já há excesso de carros em circulação nos municípios da região, na proporção de duas pessoas para cada veículo, quando a média nacional é o dobro (quatro pessoas por veículo). Não há condições de ampliar a malha urbana para dar mais fluidez ao trânsito: a possibilidade de abertura de novas vias e corredores de circulação é muito restrita, dada a densa urbanização das cidades, e o custo dessas obras é gigantesco, muito além da capacidade financeira das administrações municipais.
Há recursos paliativos, como a organização do tráfego, com rotas de circulação planejadas, semáforos sincronizados e inteligentes, cujo tempo de abertura varia de acordo com o maior ou menor fluxo de veículos, mas há limites evidentes para essas ações. É preciso, portanto, investir no transporte coletivo, criando condições para a circulação diária das pessoas com rapidez, eficiência e conforto, e fazendo com que os carros particulares sejam menos utilizados.
Questiona-se se as pessoas continuarão desejando possuir o veículo próprio nos próximos anos. Pesquisas mostram que os jovens atualmente começam a ter outras aspirações, distintas da aquisição do seu carro, como existiu nas gerações anteriores, em que o carro era símbolo de status e poder. Mesmo que isso venha a ocorrer, o ritmo será lento, e os problemas de circulação nas médias e grandes cidades continuarão a crescer nos próximos anos.
Na Baixada Santista, há o problema daqueles que moram em municípios mais afastados do centro regional, e que são obrigados, principalmente para trabalhar e estudar, a realizar deslocamentos diários que consomem horas e são feitos basicamente por meio de ônibus, atravessando outras cidades e enfrentando grandes congestionamentos.
Cresce, portanto, a importância do planejamento em sistemas alternativos de mobilidade urbana, como o VLT, os ônibus rápidos (BRT) e ciclovias, e de buscar desenvolver o transporte marítimo, hoje basicamente restrito às travessias, de pedestres e veículos, entre Santos e Guarujá. Ações metropolitanas integradas são prioritárias, e devem ser desenvolvidas, e a solução passa pelo reforço do transporte coletivo, a ser utilizado por todos, independentemente de classe social ou renda, como acontece em cidades da Europa.
Mobilidade não é apenas conforto ou facilidade; constitui requisito fundamental para a qualidade de vida das populações, e nessa perspectiva deve ser tratado.