Mais veículos nas ruas da região

Os números são preocupantes. Já há excesso de carros em circulação nos municípios da região, na proporção de duas pessoas para cada veículo, quando a média nacional é o dobro

Por: Da Redação  -  26/02/20  -  09:39
Atualizado em 26/02/20 - 09:41

Projeções indicam grande crescimento da frota de veículos na Baixada Santista até 2030. Nos próximos 10 anos, a estimativa é que a população da região aumente 6,8%, chegando a 1,958 milhão de habitantes, enquanto a quantidade de veículos em circulação deve atingir 1,108 milhão, representando avanço de 22% em relação à situação atual (908 mil).


Os números são preocupantes. Já há excesso de carros em circulação nos municípios da região, na proporção de duas pessoas para cada veículo, quando a média nacional é o dobro (quatro pessoas por veículo). Não há condições de ampliar a malha urbana para dar mais fluidez ao trânsito: a possibilidade de abertura de novas vias e corredores de circulação é muito restrita, dada a densa urbanização das cidades, e o custo dessas obras é gigantesco, muito além da capacidade financeira das administrações municipais.


Há recursos paliativos, como a organização do tráfego, com rotas de circulação planejadas, semáforos sincronizados e inteligentes, cujo tempo de abertura varia de acordo com o maior ou menor fluxo de veículos, mas há limites evidentes para essas ações. É preciso, portanto, investir no transporte coletivo, criando condições para a circulação diária das pessoas com rapidez, eficiência e conforto, e fazendo com que os carros particulares sejam menos utilizados.


Questiona-se se as pessoas continuarão desejando possuir o veículo próprio nos próximos anos. Pesquisas mostram que os jovens atualmente começam a ter outras aspirações, distintas da aquisição do seu carro, como existiu nas gerações anteriores, em que o carro era símbolo de status e poder. Mesmo que isso venha a ocorrer, o ritmo será lento, e os problemas de circulação nas médias e grandes cidades continuarão a crescer nos próximos anos.


Na Baixada Santista, há o problema daqueles que moram em municípios mais afastados do centro regional, e que são obrigados, principalmente para trabalhar e estudar, a realizar deslocamentos diários que consomem horas e são feitos basicamente por meio de ônibus, atravessando outras cidades e enfrentando grandes congestionamentos.


Cresce, portanto, a importância do planejamento em sistemas alternativos de mobilidade urbana, como o VLT, os ônibus rápidos (BRT) e ciclovias, e de buscar desenvolver o transporte marítimo, hoje basicamente restrito às travessias, de pedestres e veículos, entre Santos e Guarujá. Ações metropolitanas integradas são prioritárias, e devem ser desenvolvidas, e a solução passa pelo reforço do transporte coletivo, a ser utilizado por todos, independentemente de classe social ou renda, como acontece em cidades da Europa.


Mobilidade não é apenas conforto ou facilidade; constitui requisito fundamental para a qualidade de vida das populações, e nessa perspectiva deve ser tratado. 


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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