Maior cautela nos gastos

Consumidor brasileiro ficou mais atento a promoções, mais preocupado com o orçamento e, ainda endividado, busca formas de reduzir gastos

Por: Da Redação  -  02/03/20  -  10:13

Pesquisa do Boston Consulting Group (BCG) ouviu 3 mil pessoas de todas as classes sociais e regiões brasileiras, para aferir a atual propensão ao consumo. Os resultados mostram expectativas positivas - 54% responderam estar otimistas sobre o futuro e, de maneira geral, há intenção de consumo maior de produtos e serviços neste ano - mas constatou-se maior prudência e cautela da maioria.


Segundo os responsáveis pelo levantamento, fica claro que o consumidor brasileiro está saindo da crise de modo diferente de como entrou. Diante da profundidade da recessão de 2014-2016, ele ficou mais atento a promoções, mais preocupado com o orçamento e, ainda endividado, busca formas de reduzir gastos. Entre os entrevistados, 81% disseram que pretendem diminuir os gastos discricionários em 2020, na comparação com 2019, mas há diferença importante: do total, 73% têm a intenção de reduzir os gastos em menos de 10%, enquanto em anos anteriores, a maioria tinha projetos de economizar 40%.


O ambiente melhorou, apesar da lenta retomada das atividades econômicas. O desemprego segue alto e a renda média não foi elevada, mas os consumidores sentem-se mais seguros para ir às compras. O estudo realizado destacou categorias em que as pessoas demonstraram maior disposição em elevar os gastos. São elas: produtos de moda, beleza e acessórios, em que 51% disseram que pretendem gastar mais neste ano (contra 34% em 2019); produtos para casa, serviços e mídia (59% têm a intenção de gastar mais em 2020, contra 41% um ano antes); comida e saúde (40% a 32% na pesquisa anterior). A pesquisa mostrou ainda a propensão maior de compra de produtos mais caros (artigos de luxo e premium), interesse demonstrado por 54% dos entrevistados.


Outro segmento que mereceu a atenção dos consumidores brasileiros foi o turismo: 58% declararam que pretendiam gastar mais com viagens neste ano, ante 34% em 2019, mas isso não deve ocorrer, tendo em vista as restrições impostas pela epidemia de coronavírus, pelo menos no primeiro semestre de 2020.


Não há, entretanto, retomada linear do consumo, com crescimento em algumas categorias e redução em outras, indicando que o mercado continuará bastante concorrido para as empresas de consumo, que disputarão as preferências dos compradores. Embora mais confiantes e propensas a gastar, há certa prudência e moderação: apenas 48% dos entrevistados declararam estar seguros em relação à sua vida financeira.


A crise traz experiências e lições importantes, e espera-se que uma delas seja refrear o ímpeto de consumo sem justificativa, bem como o endividamento como regra nas famílias, feito especialmente em linhas muito caras, como o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito, que provocam graves problemas nos orçamentos pessoais. 


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