Lixo, uma questão coletiva

A solução virá de políticas públicas adequadas e da consciência de que cada cidadão é responsável pelo lixo que produz

Por: Da Redação  -  21/09/20  -  09:06

Um dos maiores desafios das cidades é o manejo e seu lixo, tanto a geração, como o destino final, ambas as etapas diretamente ligadas à consciência ambiental nos quesitos consumo, descarte, reuso e reciclagem. Até poucos anos atrás, avaliava-se que o aumento da produção de lixo estava diretamente ligado a um maior poder aquisitivo da população: consumindo mais, as pessoas geram e descartam mais resíduos. Essa lógica está correta em parte, já que é possível fazer crescer a quantidade de detritos recicláveis à medida em que a população tenha mais acesso a bens de consumo.


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A questão do lixo, porém, vai além da relação do consumo, e a pandemia do coronavírus trouxe elementos que tornam ainda mais desafiadora a questão, especialmente para os municípios do Litoral.
Pesquisa desenvolvida pela Prefeitura de Santos, junto com a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) e universidades locais, na orla da praia, evidenciou que os desafios também estão fora do perímetro urbano. Com a praia fechada por conta da pandemia, equipes recolheram, durante meses, o lixo encontrado na areia, catalogando e contabilizando todo o material.


Inédito no Brasil, o estudo apontou que apenas 10% dos detritos encontrados na faixa de areia são provenientes do usuário da praia, ou seja, a maior parte vem da cidade, trazida pela maré: móveis, calçados, remédios, brinquedos, roupas, calçados, vidros, pneus e objetos de uso pessoal.


Especialistas avaliam que esses detritos chegam à faixa de areia “varridos” pela chuva, através das galerias hidráulicas, mas vêm também das sub-habitações existentes em comunidades à beira dos mangues e em áreas invadidas. Em ambos os casos, a solução passa por educação ambiental e políticas públicas que tratem a questão de forma sistêmica.


O trabalho desenvolvido pela Prefeitura se reveste de especial importância por radiografar todo o ciclo do lixo, identificando a possível origem de cada um dos itens encontrados na praia: para cada um deles há uma solução possível. Importante lembrar que a iniciativa é a primeira com começo, meio e fim, já que outras foram propostas anos atrás, mas acabaram sendo interrompidas no decorrer do trabalho.


Solucionar ou mitigar a questão do lixo depende do envolvimento de todos os personagens, do ambulante da praia aos líderes comunitários das comunidades ribeirinhas. Um amplo programa em rede, com participação dos municípios da região, não pode, também, ficar refém de mudanças de governo, como já se viu em décadas passadas. A questão do lixo está diretamente ligada à educação ambiental e à consciência de que a solução não é responsabilidade apenas dos governos. A pandemia evidenciou que consumir menos produz menos resíduos também. O desafio, agora, é reduzir o descarte fora da pandemia.


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