Limpar o lixão

Desativação do lixão da Alemoa foi difícil e lenta. Apesar de estudos apontarem a impropriedade do local, ele só foi encerrado em 2003

Por: Da Redação  -  07/05/19  -  19:07

O lixão da Alemoa funcionou em Santos por 31 anos, a partir de 1972, e constitui enorme passivo ambiental. A área de 400.000 m³ era originalmente um manguezal, e jamais deveria ter sido utilizada para essa finalidade. Some-se ainda o fato que o depósito de lixo da cidade, apesar de cuidado e mantido pela Prodesan, que se encarregava de cobrir diariamente os resíduos lançados com camadas de areia, nunca teve características de um aterro sanitário.


Jamais houve a destinação adequada para o chorume, líquido poluente, de cor escura e odor nauseante, originado de processos biológicos, químicos e físicos da decomposição de resíduos orgânicos, que contaminou, durante anos, as águas do mar adjacentes.


A desativação do lixão da Alemoa foi difícil e lenta. Apesar de estudos apontarem, desde os anos 1980, a impropriedade do local para receber os resíduos da cidade, e sua progressiva saturação, inviabilizando sua continuidade, ele só foi encerrado em 2003. Houve sucessivas ações da Cetesb e do Ministério Público, mas a solução apenas aconteceu quando foi inaugurado o Aterro Sanitário do Sítio das Neves, na Área Continental de Santos, que hoje recebe o lixo de sete municípios da Baixada Santista, mas que também enfrenta problemas de saturação de seu espaço físico.


Nos anos 1990, parte da área da Alemoa, vizinha ao depósito de lixo, foi ocupada e transformada em núcleo habitacional, a Vila dos Criadores, ainda existente e sem que tenha sido desenvolvido um plano de congelamento da ocupação, de transferência dos moradores ou mesmo de urbanização do local. Estima-se que atualmente vivam no núcleo cerca de cinco mil pessoas, em condições muito precárias, a exigir providências e solução.


Desde o fim do lixão, em 2003, as preocupações são no sentido de limpar a área. Trata-se de pôr em prática o Plano de Investigação e Remediação de locais que receberam contaminantes, elaborado pela Cetesb. Destaque-se que parte da área já foi recuperada pela Embraport, que tem ali instalado um terminal portuário de contêineres, demonstrando a viabilidade da limpeza e aproveitamento do espaço com a utilização de tecnologia moderna e adequada.


A Prefeitura de Santos abriu edital para realização de levantamento que identifique os contaminantes no solo do lixão, além de avaliar seus riscos, bem como apontar técnicas de limpeza e gerenciamento das áreas afetadas. É iniciativa correta e oportuna, que pode indicar a possibilidade de aproveitamento comercial do gás metano, gerado pelo acúmulo e decomposição do lixo, aumentando o interesse de empresas privadas pelo serviço.


O estudo trará soluções, que precisam ser rapidamente implementadas, e envolver a questão da Vila dos Criadores, que deve ser resolvido de modo definitivo.


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