Lenta recuperação, mas que virá

Crises passadas indicam que algumas regiões conseguiram se reinventar com investimentos no perfil educacional

Por: Da Redação  -  16/06/20  -  11:39

A expectativa de lideranças regionais de recuperação da economia local em pelo menos dois anos se assemelha à média das análises referentes ao País. Portanto, a ideia de que haverá um mergulho profundo seguido de uma rápida retomada perdeu força, principalmente pela demora na escalada de casos da covid-19, que está avançando gradualmente pelo Interior e periferias das grandes cidades. Para piorar o diagnóstico, desde a semana passada começaram a ser verificados repiques de infecções nas locomotivas mundiais, a China e os Estados Unidos – espera-se que as autoridades desses países ajam rapidamente para bloquear essa chamada segunda onda.


No Brasil, o Governo Federal adotou programa de estímulos com mais crédito às empresas – para as grandes, porque as pequenas ainda reclamam de dificuldades para ter acesso a empréstimos – e recursos diretamente para os informais e microempreendedores. Há ainda o artifício da redução de jornada e salário e ainda a suspensão dos contratos de trabalho. Os primeiro resultados que se têm é de que essas últimas medidas seguraram um número maior de demissões. Entretanto, o fôlego do setor público tem limite e não vai suportar a demanda se a pandemia atravessar o próximo semestre.


Se a recuperação econômica da Baixada vai levar pelo menos dois anos, é necessário que os dirigentes da Baixada, tanto do setor privado como do público, articulem-se para que as forças de produção e consumo locais não fiquem totalmente à mercê dos rumos da economia e da eficiência do ministro Paulo Guedes. Crises passadas indicam que algumas regiões conseguiram se reinventar por meio de novas vocações produtivas e com investimentos no perfil educacional e profissionalizante da população.


As frentes mais urgentes neste momento estão na preservação do emprego, lembrando que Petrobras e Usiminas já anunciaram redução de pessoal. Conforme reportagem de A Tribuna, algumas empresas e sindicatos de trabalhadores discutem formas de retardar a dispensa de pessoal. Porém, a pandemia já impõe mudanças, com uso intensivo de ferramentas tecnológicas, inclusive que não demandam grandes aportes. Haverá um movimento para aumentar a produtividade, o que nos estágios seguintes pode gerar mais demissões como resultado da eficiência. O remédio para isso é preparar o trabalhador, que precisa ter acesso a programas de capacitação inseridos na tecnologia da informação. Esses processos exigem recursos, que estão em falta no setor público. Por isso, é importante que se saiba para onde a região pretende caminhar no curto e médio prazos e focar nos mercados mais viáveis.


Não se deve se iludir que a retomada virá automaticamente com reabertura da atividade econômica. Alguns setores terão adaptação lenta e outros nunca mais serão como antes. Mas novos filões devem surgir, com oportunidades, e será preciso estar atento a eles.


Tudo sobre:
Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter