Investimentos urbanos

Santos precisa, por sua própria adaptação à mudança tecnológica e da economia, realizar investimentos em sua infraestrutura

Por: Da Redação  -  05/09/20  -  10:16

Prevista para ficar pronta no final de outubro, a quarta etapa das obras da entrada de Santos terá como consequência de médio e longo prazos profundas transformações urbanas e socioeconômicas na Zona Noroeste. Tais mudanças influenciarão a vida de uma população numerosa e, parte dela, de baixa renda. Por isso, o planejamento do setor público nos âmbitos da saúde, educação e habitação, e não só o viário, precisará ser consistente e de horizonte mais extenso. Caso contrário, perde-se as vantagens que o investimento na infraestrutura trará após as obras.


Nessa quarta etapa, a nova ponte sobre o Rio São Jorge conectará a Anchieta, no São Manoel, ao Bom Retiro, chegando à Avenida Jovino de Melo. Esse trecho se tornará uma alternativa importante em relação à entrada pela Avenida Nossa Senhora de Fátima.


O investimento viário deve tornar a região a partir do Bom Retiro mais atraente para novas moradias, comércios e empresas, conferindo um perfil econômico mais diversificado. Se a Prefeitura mantiver uma sequência de pequenas melhorias e adaptações em toda essa área, a infraestrutura urbana da Zona Noroeste ganhará ao longo do tempo outra realidade.


Apesar de Santos contar com população estagnada na casa dos 400 mil habitantes desde os anos 1980 e não ter grandes áreas para se expandir, a Cidade precisa, pela sua própria reacomodação interna às mudanças tecnológicas e da economia, realizar investimentos em sua infraestrutura. Porém, poucas intervenções foram feitas nas últimas décadas. Muito se falou da ligação seca com Guarujá e do túnel da Zona Noroeste e nada saiu do papel, ao mesmo tempo em que a instalação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) atrasou mediante disputas na Justiça e falta de recursos. Se futuros empreendimentos seguirem o mesmo ritmo, haverá o risco de Santos se tornar cidade envelhecida que não atende mais às necessidades urbanas de seus moradores e empresas. O caminho será um só, o da decadência.


Por sua qualidade de vida, os espaços de Santos estão muito valorizados e a densidade populacional é das mais elevadas do País. Portanto, é previsível que qualquer intervenção urbana em larga escala resulte em conflitos. Entretanto, os investimentos costumam ficar estagnados por falta de recursos públicos – uma deficiência que se espalha por todo o País. Essa falha tende a não acabar tão cedo, considerando a escalada da deterioração das finanças das cidades e estados, cujos endividamentos devem disparar após a pandemia.


Resta, portanto, cuidar de outras frentes que podem ser bem administradas para alguma ocasião de folga orçamentária ou baixo custo para fazer dívida. A cidade precisa investir em colegiados de discussão de suas prioridades, entre outras alternativas, definindo o que precisa ser feito, sem desperdiçar tempo em ideias faraônicas ou eventualmente de interesse puramente eleitoreiro.


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