Inflação em 2020

Elevação do IPCA em 2019 ficou em 4,31%, acima do centro da meta fixada pelo Banco Central (4,25%)

Por: Da Redação  -  15/01/20  -  18:01

O súbito e inesperado aumento da inflação nos últimos dois meses de 2019 trouxe intranquilidade e preocupações generalizadas. Ela vinha se mantendo em patamar bastante baixo durante o ano, em trajetória de queda entre abril e outubro, com deflação em setembro (-0,4%, segundo o IPCA) e ficando em 2,54% nos doze meses terminados em outubro. Em novembro e dezembro, entretanto, a inflação subiu de maneira expressiva (0,51% e 1,15%, respectivamente), acima da previsão dos analistas.


Diante desses números, a elevação do IPCA em 2019 ficou em 4,31%, acima do centro da meta fixada pelo Banco Central (4,25%). É amplamente sabido, porém, que fatores anormais influenciaram esse movimento de alta: o reajuste no preço das carnes foi muito grande – 18,06% em dezembro – tendo representado, sozinho, quase metade (0,52 ponto percentual) da inflação do mês.


Especialistas afirmam que está em curso ainda um choque de oferta na parte da proteína animal: não houve aumento da demanda, e sim menor disponibilidade de carnes no varejo, em função principalmente das vendas para a China, atingida por peste suína que dizimou seu rebanho.


Não há, porém, descontrole generalizado. Os índices de difusão, que mostram o quanto as pressões inflacionárias estão espalhadas, situam-se ao redor de 50%, quando a média histórica desse indicador é de 62 a 63%. Todas as instituições financeiras trabalham com a expectativa de redução da inflação nos próximos meses, e permanece a projeção que a alta do IPCA em 2020 ficará em 3,5%.


É preciso ressaltar que a elevação se deu em razão de pressões localizadas (principalmente a carne) e que o panorama da economia atual não aponta riscos: o ritmo de crescimento ainda é lento e gradual, com ociosidade da indústria e câmbio relativamente bem comportado. Apesar da confiança de empresários e consumidores estar em patamares mais altos, com propensão maior ao consumo, e interesse por aquisição de imóveis (consequência direta das taxas de juros menores cobradas pelas instituições financeiras), descarta-se qualquer possibilidade de descontrole da inflação no Brasil.


Nesse cenário, continuam as apostas que a taxa básica de juros da economia, a Selic, possa recuar ainda mais em 2020. A inflação projetada na oferta de títulos públicos já recuou, e o mercado não vê a alta de preços como grande problema para a política monetária. Vários economistas projetam que, ao contrário de 2019, a inflação de 2020 deve ser significativamente menor do que a meta do Banco Central (4% para o ano).


A inflação deve ficar mais baixa em janeiro e fevereiro, o que permitiria queda de 0,25 ponto percentual na taxa Selic. Ainda é cedo para certezas – e o Banco Central deve ser cuidadoso na questão – mas, até aqui, o fantasma da inflação não ameaça a economia nacional.


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