Impasse na ligação Santos-Guarujá

Surgiram agora críticas da Codesp, que se manifestou favorável à construção do túnel, alegando que a solução proposta pela Ecovias interfere nos projetos portuários atuais e futuros

Por: Da Redação  -  04/06/19  -  12:30

A realização de grandes obras, capazes de promover o efetivo desenvolvimento da Baixada Santista, enfrenta obstáculos e dificuldades históricos. Não são apenas problemas econômicos - a tradicional falta de recursos públicos sempre despontando- mas tem prevalecido, de modo constante, a controvérsia em torno das soluções, além de fatores externos que complicam a concretização dos investimentos.


Intervenções de grande envergadura provocam reações. É natural que assim seja: são interesses contrariados de segmentos da população e das empresas, que tendem a reagir. Mas é preciso, com habilidade, persistência e cuidado, dialogar e superar tais obstáculos. O recente imbróglio a respeito do Aeroporto Civil Metropolitano, a ser instalado na Base Aérea de Santos, em Guarujá, é exemplo disso. Após anos de indefinições, finalmente o processo estava próximo do desfecho, com o lançamento de edital para exploração privada do equipamento, quando o governo estadual lançou programa de privatização dos aeroportos paulistas, ainda em estudos e inconcluso, interrompendo o cronograma previsto.


A ligação seca entre Santos e Guarujá está novamente ameaçada. O tema vem sendo discutido há décadas, e ganhou reforço nos últimos anos, quando o governo de São Paulo anunciou a execução da obra: primeiro como ponte, depois como túnel submerso, localizados na Ponta da Praia. O projeto esbarrou na falta de financiamento externo e foi adiado até que se encontrou solução viável: a construção de ponte ligando as duas margens do Porto de Santos, realizada pela concessionária Ecovias em troca de aumento no prazo de concessão do Sistema Anchieta-Imigrantes.


Quase um ano após o anúncio do início dos estudos, aguarda-se para breve a conclusão do licenciamento ambiental da obra, e a empresa e a Secretaria Estadual de Logística e Transportes estimam que o aval deva ser dado até o final deste ano. Trata-se de uma ponte com 7,5 km de extensão, começando na entrada de Santos, no km 64 da Via Anchieta, e término no acesso próximo ao acesso da Ilha Barnabé, na área continental da cidade. Seu vão principal terá 85 metros de altura, com 325 metros de largura entre pilares, considerados tecnicamente adequados à navegação no acesso ao Porto.


Surgiram agora críticas da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que se manifestou contra a ponte e favorável à construção do túnel, alegando que a solução proposta pela Ecovias interfere nos projetos portuários atuais e futuros. Não se pode deixar a questão em suspenso: hoje está prevista reunião no Ministério da Infraestrutura para debater o tema. Ajustes no projeto, tornando a solução aceitável a todos, são essenciais. Não se pode, mais uma vez, desperdiçar essa chance, e adiar, de modo indefinido, a ligação entre Santos e Guarujá.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter