Impactos e efeitos da tecnologia

Tecnologia é neutra, e pode ser usada bem ou mal. Depende, portanto, de escolhas

Por: Da Redação  -  02/01/20  -  19:33

Há gosto amargo no avanço e na difusão da tecnologia na vida moderna. Ela está presente em todas as atividades humanas, do trabalho ao lazer, sem que ninguém possa prescindir de sua contribuição. Muitos, entretanto, lamentam esse avanço e consideram que o mundo está pior.


As mídias e redes sociais, que foram saudadas em 2011, com a Primavera Árabe, como fatores decisivos para a libertação de povos oprimidos, são hoje consideradas como invasoras da privacidade, espalhando propaganda enganosa e difundindo fake news na política, e ameaçando a democracia.


O comércio eletrônico, os aplicativos de transporte e o trabalho remoto com uso de computadores estão por toda parte, mas trouxeram a precarização do emprego e crescente desigualdade.


Os smartphones estão incorporados ao dia a dia de todos, de crianças a idosos. Mas os pais estão cada vez mais incomodados com seu uso excessivo, que se transforma em perigoso vício. Desaparece, ou é bastante reduzido, o convívio entre as pessoas, o diálogo em casa e em ambientes público.


E as perspectivas para a próxima década não são animadoras: a inteligência artificial ameaça os atuais empregos, a tecnologia 5G está no centro de conflito entre China e Estados Unidos, com reflexos em todo o mundo, e as empresas de internet vêm perdendo confiança.


Há onda de pessimismo em relação ao futuro. Isso não é novidade. Hoje as preocupações são quanto às redes sociais e smartphones, mas sempre existiu resistência às mudanças tecnológicas. No começo da industrialização, os luddistas atacavam fábricas e máquinas, receosos que elas acabariam com o trabalho artesanal, deslocariam populações do campo e provocariam a exploração da mão de obra nas indústrias.


A tecnologia desencadeia a destruição criativa, e é natural que provoque reações de ansiedade. O pessimismo, porém, não deve prevalecer. Ninguém, em sã consciência, pode ser contrário à internet, que trouxe comunicação instantânea entre pessoas de todo o mundo, com consequências para a informação, entretenimento e nas relações econômicas. Não se devem temer robôs ou máquinas sofisticadas, sob o argumento que acabarão com os empregos, lançando a humanidade na miséria.


E não se pode perder de vista que o remédio contra os malefícios inevitáveis dos avanços tecnológicos está muitas vezes na própria tecnologia, capaz de produzir novos artefatos e produtos que compensam os efeitos negativos. A solução para o aquecimento global depende de inovações em energia limpa, captura de carbono e armazenamento de energia.


A tecnologia é neutra, e pode ser usada bem ou mal. Depende, portanto, de escolhas. E até aqui o balanço é positivo: ela ajudou a reduzir a mortalidade infantil, melhorou padrões de saúde, e diminuiu a fome e a ignorância.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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