Imobilismo, ineficiência e privilégios

Vieram a pressão das corporações e o medo de perder votos em 2022 e o espírito reformista perdeu o gás

Por: Da Redação  -  11/11/20  -  10:00

Duas notícias recentes, de tonalidades e urgências diferentes, permitem identificar o imobilismo como um dos piores males do Brasil. Uma delas é a do apagão que paralisa o Amapá há uma semana. A outra é a esperada saída do País do ranking do Top 10 das maiores economias. Se no primeiro caso, a população passa calor e não consegue cozinhar nem tomar banho por displicência das autoridades com algo tão básico, que é a implantação da infraestrutura de energia, por outro o Brasil deve ser rebaixado do primeiro pelotão das economias após uma década perdida sem corrigir suas ineficiências. Corrupção que consume os governos, manutenção de privilégios e reformas postergadas ou desidratadas por interesses de corporações que bem transitam no Parlamento seguem como sempre no Brasil que não avança. Se houve algumas melhorias, elas são pouco perceptíveis e insuficientes para situar melhor o País na competição mundial. 


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Engana-se quem pensa que o atual drama do Amapá se dá por ser uma região isolada no extremo norte do País. Desde que uma subestação de energia pegou fogo no estado, pelo menos os mais pobres vivem como na Idade Média. Segundo reportagem do Estadão, o rodízio de seis horas com energia (e outras seis sem) funciona nos bairros de classe média e alta. Na periferia empobrecida da capital Macapá, o abastecimento dura por volta de uma hora. No final das contas, é o Brasil dos privilegiados punindo sua população. Uma crise que também denuncia os riscos elevadíssimos que se tem com a falta de investimentos em infraestrutura e licitações capengas que abrem serviços públicos para empresas incapazes de atingir os objetivos almejados com uma privatização. 


No caso do rebaixamento da economia brasileira, identificada por estudo da Fundação Getúlio Vargas, o Brasil vai cair da atual nona posição para a 12a até este final de 2020. A queda está associada ao biênio recessivo de 2015-2016 e também ao restante da década com expansões pífias. A rigor, a pandemia não pode ser culpada pelo desempenho, porque ela é mundial e os outros países passam pelo mesmo. 


Entretanto, o grande efeito matemático sobre a estatística dos gigantes mundiais, no caso brasileiro, é a desvalorização do real perante o dólar de 40% neste ano. Há toda uma conjuntura por trás disso, mas basicamente o risco Brasil é fator determinante. Nos últimos anos o País gastou muita energia com bobagens ao invés de se concentrar em uma arrumação generalizada. A reforma da Previdência indicava que o governo dava os passos certos para modernizar o Brasil, mas vieram a pressão das corporações e o medo de perder votos em 2022 e o espírito reformista perdeu o gás. De uma certa forma repete-se o erro monumental das gestões petistas de corroerem as contas públicas para garantir suas reeleições. Assim, por objetivos imediatistas, como sempre, o imobilismo consome a Nação.


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