Hub port em Santos

Um dos pontos centrais para que os portos concentradores de carga sejam implantados no Brasil é o desenvolvimento da cabotagem

Por: Da Redação  -  27/09/19  -  19:37

A transformação do Porto de Santos em hub port (polo concentrador de cargas) foi discutida no Congresso de Direito Marítimo e Portuário, promovido pela Seccional de São Paulo da Associação Brasileira de Direito Marítimo e pelo Grupo Tribuna.


O tema foi abordado pelo diretor de Navegação e Hidrovias da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Dino Antunes, que salientou as possibilidades do complexo portuário santista - localização estratégica, importância na balança comercial e disponibilidade de áreas para sua expansão - mas destacou a necessidade de adequações estruturais para ampliar a navegação de cabotagem.


Os hub ports existem em todo o mundo. Eles concentram o movimento de cargas para um País (ou região), evitando que as embarcações tenham que realizar operações em vários portos. Os volumes são carregados ou descarregados no hub port, ali estocados, de onde seguem, pela cabotagem (transporte de carga marítimo entre portos do mesmo país) para outros destinos. Dessa forma, as rotas internacionais passam a ser concentradas e o número de escalas reduzidas, com grande economia.


A lógica dos portos concentradores de carga é operar com grandes navios, especialmente os que transportam contêineres. Isso exige infraestrutura adequada, com dragagem que permita maior calado (no caso de Santos, são 17 metros, bem acima do atual nível, que não atinge 15 metros), capacidade de armazenamento e ampliação do retroporto.


Um dos pontos centrais para que os portos concentradores de carga sejam implantados no Brasil é o desenvolvimento da cabotagem. Essa modalidade de transporte vem crescendo no país, mas ainda de modo insuficiente, respondendo atualmente, em conjunto com navegação fluvial e lacustre, por apenas 13% do total de cargas movimentadas.


No primeiro semestre deste ano, 7,8 milhões de toneladas de mercadorias entraram ou saíram do Porto de Santos em navios de cabotagem, com pequeno crescimento em relação ao mesmo período de 2018 (7,7 milhões de toneladas).


Na China, mais de 50% de sua produção utiliza esse modal, demonstrando o potencial a explorar no Brasil. Destaque-se que a cabotagem pode ser até 30% mais barata do que o transporte rodoviário (que responde por 63% do total movimentado), além de oferecer condições para transportar grandes volumes, ser menos suscetível a roubos e furtos de cargas e consumir menos combustíveis, com ganhos ambientais. 


Há muitos desafios para que o Porto de Santos possa concretizar-se como hub port. Mas é fora de dúvida que seria notável avanço, capaz de permitir maior desenvolvimento de suas atividades econômicas, com reflexos em toda a região. Daí a importância de avançar nessa direção e credenciar-se, de modo efetivo, para assumir esse papel.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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