Fim das praias

Um dos efeitos do aquecimento global é a elevação do nível do mar. Há ameaça para regiões costeiras em todo o planeta, além da possibilidade de desaparecimento de ilhas

Por: Da Redação  -  08/03/20  -  12:13
Atualizado em 08/03/20 - 12:27

Um dos efeitos do aquecimento global é a elevação do nível do mar. Há ameaça para regiões costeiras em todo o planeta, além da possibilidade de desaparecimento de ilhas habitadas, como é o arquipélago de Vanuatu, no Pacífico Sul. Com 12.000 km², é considerado como o lugar mais arriscado do mundo para se viver. A situação se estende a outras nações insulares, como Tonga e Ilhas Salomão, todas submetidas a inundações cada vez mais fortes, que ameaçam destruí-las em pouco tempo.


Estudo publicado na revista científica Nature alerta que as mudanças climáticas e o aumento do nível dos oceanos podem fazer desaparecer metade das praias de areia de todo o mundo até 2100. Mesmo que a humanidade consiga reduzir as emissões de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global, mais de um terço da costa arenosa está ameaçada.


Os efeitos desse fenômeno serão desastrosos. Grande parte da população mundial vive em regiões litorâneas, e a vulnerabilidade de milhões de pessoas é grande. A Austrália pode ser o país mais duramente afetado, com seus quase 15 mil quilômetros de praias, vindo a seguir Canadá, China, Estados Unidos, México, China, Rússia, Argentina, Índia e Brasil.


O desaparecimento as praias terá sérias consequências no turismo, que se baseia, em grande parte, na atração de visitantes para áreas costeiras. Mas, como alerta Michalis Vousdoukas, que chefiou o estudo e é pesquisador do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia, as praias de areia têm importante função de constituir o primeiro mecanismo de proteção de áreas habitadas contra tempestades e inundações. Sem elas, o impacto dos fenômenos climáticos será provavelmente muito mais forte e intenso.


Os cientistas que desenvolveram o estudo basearam-se em dois modelos: um pior, em que as emissões de gases de efeito estufa continuam no ritmo atual, e outro em que o aquecimento global se limita a 3o C, nível considerado elevado, que supera as metas que foram estabelecidas no Acordo de Paris, de 2015. No primeiro caso, a metade das praias (49,5%) desapareceria no planeta até o fim do século, representando 132 mil quilômetros de costa. No segundo, cerca de 95 mil quilômetros seriam afetados. 


O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) confirma o problema. Em informe divulgado em setembro do ano passado, o órgão advertiu que a elevação do nível dos oceanos pode subir 50 cm até 2100, na melhor das hipóteses, podendo chegar a 84 cm no pior cenário.


Essa ameaça é mais um motivo para que sejam mudados os padrões de emissões de gases de efeito estufa em todos os países. Os fatos indicam, porém, que medidas de adaptação precisam ser estudadas e implementadas rapidamente nas cidades litorâneas de modo a evitar tragédias e grandes prejuízos.  


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter