Filas na Caixa

A Caixa alega que tem se empenhado para atender à enorme demanda, em situação inédita: a pandemia obrigou a implantação de megaoperação de cadastro e pagamento

Por: Da Redação  -  30/04/20  -  10:39

Em todo o País, filas têm sido constantes nas agências da Caixa Econômica Federal com a liberação dos saques em dinheiro do auxílio emergencial de R$ 600. As aglomerações têm sido enormes, fato que levou o Ministério Público Federal a recomendar à Caixa que adote medidas que ajudem a evitar o risco de disseminação da covid-19 em agências e lotéricas da Baixada Santista.


A Caixa alega que tem se empenhado para atender à enorme demanda, em situação inédita: a pandemia obrigou a implantação de megaoperação de cadastro e pagamento, representando o maior programa de inclusão bancária e digital já realizado na história do País.


São muitas as reclamações de negativas e falhas. Outros tantos, especialmente aqueles mais pobres e excluídos, não têm acesso à internet e acabam por engrossar as filas, todos os dias, em busca de informações. Destaque-se que, quando foi sancionado o projeto de lei que liberou o auxílio emergencial de R$ 600 em 2 de abril, já se sabia que o programa iria beneficiar mais de 30 milhões de trabalhadores, com dificuldades operacionais gigantescas para ser implantado. 


Na segunda-feira, quando começou o saque em dinheiro do auxílio emergencial, constatou-se que muita gente nas filas não sabia que era preciso baixar o aplicativo Caixa Tem e confirmar o cadastro, nem que as retiradas obedecem a um calendário de acordo com o mês de aniversário de cada beneficiário.


Isso fez com que aumentasse a tensão, a demora e a irritação das pessoas que foram às agências da Caixa, muitas delas de madrugada, enfrentando longa espera, e ao final frustrados por não conseguir receber o benefício. Não há dúvida que houve, por parte da instituição financeira, empenho para organizar o processo, divulgar os procedimentos, e agora cuidar para evitar aglomerações. 


Mas é preciso reconhecer que faltou sensibilidade à dimensão social da questão. Trata-se de atender a um contingente de pessoas que, em número muito elevado, têm grandes dificuldades para entender as rotinas e conseguir acesso à internet. Ao lado da organização administrativa deveria ter havido o maior envolvimento da área social, com a participação das Prefeituras, que têm cadastros e contato com as populações mais desassistidas. Acionar esses setores para encontrar essas pessoas, informá-las e orientá-las sobre como proceder, e auxiliá-las, de modo concreto, sobre como agir para receber o benefício, teria sido fundamental.


Resta agora atuar para minimizar os problemas: estender e ampliar dias e horários de atendimento nas agências, insistir na divulgação dos procedimentos e tentar, na medida do possível, desburocratizar ainda mais os processos. Filas e aglomerações são inaceitáveis e perigosas no atual momento, em que o contágio da covid-19 avança e ameaça milhares de pessoas. 


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter