Febre de startups

San Francisco, na Califórnia, é o grande exemplo de fábrica de startups, um fenômeno que se repete em várias cidades, como Tel Aviv, em Israel, Barcelona, na Espanha, ou mesmo São Paulo

Por: Da Redação  -  11/07/19  -  12:15
Atualizado em 11/07/19 - 12:29

Duas comparações ajudam a entender a revolução na economia. Enquanto o aplicativo de passageiros de automóveis Uber já possui valor de mercado maior que o da General Motors, o marketplace (supermercado virtual) argentino Mercado Livre vale um quarto da estatal Petrobras. O que os dois negócios on-line têm em comum é que foram startups, empreendimentos de inovação de rápido crescimento e disruptivos (quebradores de paradigmas, dogmas antes não contestados). Dentro de duas semanas, uma centena dessas iniciativas estará reunida no InovAtiva, na Escola de Negócios do Sebrae, em São Paulo. Lá, além de processos de capacitação e desafios, serão confrontados com empresários de verdade que até poderão se tornar seus sócios. Para quem sempre teve os pés firmes no chão e vê isso como modismo, Petrobras, bancos e outras grandes companhias investem em aceleradoras, espécie de incubadoras de startups com a finalidade de fomentar inovação que modernizem processos internos.


Portanto, as autoridades municipais e estaduais devem ficar atentas para a nova realidade das startups. Por um custo muito baixo, esses empreendedores são capazes de embutir a inovação em uma empresa envelhecida. O resultado pode ser corte de custo devido à modernização ou uma ideia que vai ser transformada em faturamento. E por que prefeitos e governadores precisam se voltar a esses fenômenos? Porque as cidades podem atrair as chamadas aceleradoras de startups, centros de interação criados por grandes empresas que buscam municípios que já despontam talento para esses negócios.


San Francisco, na Califórnia, é o grande exemplo de fábrica de startups, um fenômeno que se repete em várias cidades, como Tel Aviv, em Israel, Barcelona, na Espanha, ou mesmo São Paulo. Algumas regiões atraem mais criação nessa área do que outras, provavelmente pelo ecossistema propiciado por universidades altamente pesquisadoras ou por polos tecnológicos que surgiram ao redor de grandes companhias. Mas o fenômeno das startups é tão fantástico que em Santos, que não tem uma instituição de ponta como a Unicamp e USP, também vive uma febre desse meio. A proximidade com a Capital e seu tino para os negócios parece inspirar os caiçaras, mas há negócios tecnológicos surgindo também em cidades menores e mais afastadas.


No Brasil, há entraves, como falta de capital e crédito caro que dificultam crescer mais rápido, além do ensino de má qualidade. Infelizmente, não se vê muito políticos interessados nesse fenômeno. Ainda pensam apenas em atrair indústrias, que não empregam tanto quanto antes, e grandes supermercados, pois geram vagas de baixa capacitação. O que se pede apenas é que não se criem proteções para corporações que veem seus negócios ameaçados pelas novidades, esse sim o real perigo para inibir o empreendedorismo tecnológico no País.


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