Faltam creches na Baixada Santista

A situação é mais grave em Guarujá, onde 2.723 crianças de 0 a 3 anos não são atendidas

Por: Da Redação  -  22/05/19  -  21:02

Levantamento realizado por A Tribuna junto às prefeituras da Baixada Santista mostrou que as creches públicas não atendem à demanda da população. A lista de espera por vagas atinge 6.775 crianças, demonstrando carência que exige atenção das autoridades. A situação é mais grave em Guarujá, onde 2.723 crianças de 0 a 3 anos não são atendidas, sem que haja previsão para novas construções ou convênios. Em Praia Grande, município que tem a maior oferta de vagas em creches na Baixada Santista (11.000), 1.077 crianças aguardam na lista de espera. Em São Vicente, onde a rede é menor (5.000 vagas), 800 crianças estão fora desses equipamentos.


Esses números não são oficiais, e a situação pode ser pior. Destaque-se que a oferta de creches representa necessidade essencial: por um lado, garantem atenção, cuidado e alimentação adequada aos bebês e crianças até 3 anos de idade e, por outro, permitem que as mães possam trabalhar sem preocupações com os filhos, que em muitos casos, na ausência de creches, são deixados com outras crianças mais velhas, ou dependendo de vizinhos, parentes ou amigos.


No País a situação é ainda mais grave. Embora o Plano Nacional de Educação (PNE), de junho de 2014, tenha fixado meta segundo a qual pelo menos 50% das crianças de 0 a 3 anos deveriam estar matriculadas em creche até o final de 2024, a realidade mostra que tal objetivo está longe de ser cumprido.


No final de 2016, apenas 10,1% dos municípios brasileiros tinham chegado a esse percentual. E as famílias mais pobres são as mais atingidas: dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua de maio de 2018 mostravam que, entre as crianças de 0 a 3 anos que pertencem aos 20% com a renda domiciliar per capita mais baixa do País, 33,9% estavam fora das creches, enquanto, no grupo de 20% com a renda mais alta, esse problema só atingia 6,9% das crianças.


Fica evidente que têm faltado políticas públicas para o setor, e a insuficiência de creches revela a existência de grave desigualdade na educação, confirmando que a injustiça social começa desde os primeiros meses de vida. Além disso, especialistas alertam sobre a falta de estrutura delas, que não contam com profissionais preparados e qualificados.


Priscila Cruz, diretora da ONG Todos pela Educação, afirma que, em geral, as crianças ficam presas em espaços olhando para o teto branco o tempo todo, comprometendo o seu desenvolvimento físico, cognitivo e emocional, e, como consequência, seu potencial de aprendizagem.


Faltam ainda recursos – o programa Brasil Carinhoso, para manter crianças pobres de 0 a 48 meses em creches, teve redução de 90% entre 2015 e 2017. Sem investimentos na área, degrada-se a condição de vida, e fica comprometido o futuro das novas gerações.


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