Expansão do Porto de Santos

O Porto de Santos, o maior da América Latina, continuará sua trajetória de crescimento nos próximos anos. De um lado, conta a localização estratégica, permitindo o escoamento tanto de produtos agrícolas de vasta região, que chega ao Centro Oeste brasileiro, quanto da produção industrial instalada em São Paulo. De outro, a infraestrutura existente no complexo portuário santista, ainda que apresente problemas e lacunas, garante seu desenvolvimento.

O Plano Mestre do Porto de Santos, estudo do Ministério da Infraestrutura, indica que a movimentação de cargas deverá crescer 1,6% ao ano, com 280,1 milhões de toneladas. Isso representa mais que dobrar a quantidade operada em Santos, que foi de 133,1 milhões de toneladas em 2018. Mesmo em visão pessimista, que prevê aumento de 1,2% anuais, o Porto movimentará, em 2060, 233,5 milhões de toneladas. Se confirmadas expectativas otimistas (2% de avanço médio por ano), esse número pode atingir 326,7 milhões de toneladas.

O estudo mantém o perfil de movimentação atual, baseado principalmente no agronegócio, com embarques crescentes de soja, milho, trigo, açúcar, celulose. Mas indica o avanço dos contêineres, que tendem a ocupar mais espaço: eles devem crescer 2,1% ao ano, atingindo 9,8 milhões de TEUs (unidade equivalente a um cofre de 20 pés cúbicos), o dobro dos 4,7 milhões de TEUs registrados em 2018.

As projeções são de crescimento em todos os segmentos: granéis sólidos vegetais (complexo soja, milho, açúcar, trigo), granéis líquidos minerais (petróleo e seus derivados, produtos químicos), granéis sólidos minerais (como minério de ferro, carvão mineral, sal, enxofre), com destaque ainda para o aumento na movimentação dos navios de cruzeiro: a previsão é que, em 2060, passem pelo Porto de Santos 1,4 milhão de passageiros, em 153 escalas (em 2018, foram 471,7 mil passageiros, em 91 escalas), triplicando o atual movimento.

O cenário de crescimento das cargas, incluindo as de maior valor agregado, transportadas em contêineres, bem como de passageiros, é perfeitamente viável, mas impõe um desafio ao Porto de Santos, que é modernizar-se e preparar-se para essa realidade. Ano após ano a movimentação será maior, exigindo investimentos em logística e infraestrutura.

Como obras e serviços demandam tempo entre projeto, a locação de recursos e sua realização efetiva, é preciso agir imediatamente. Questões fundamentais como o modelo de gestão do Porto precisam ser equacionadas e resolvidas, definindo, com clareza, o papel da iniciativa privada na expansão exigida para atender ao aumento da demanda. Não há tempo a perder, e a Autoridade Portuária, com a participação de arrendatários, operadores, usuários, trabalhadores e poder público regional, deve liderar esse trabalho, urgente e indispensável.