Exemplo da Noruega

A Noruega, país da Escandinávia, criou, entre 1960 e 1970, o conceito de “Estado feminino”

Por: Da Redação  -  11/11/19  -  17:42

A Noruega, país da Escandinávia, criou, entre 1960 e 1970, o conceito de “Estado feminino”. Não se tratava da defesa de teses feministas radicais, e sim de estabelecer um conjunto de políticas para facilitar a combinação da vida profissional e familiar das mulheres, quando se procurava aumentar a força de trabalho. 


Entre as medidas que foram adotadas, está a concessão de licença maternidade e paternidade de mesma duração – 15 semanas para cada um, obrigatórias, acrescidas de outras 16, que podem ser divididas entre eles. Isso assegura que pais e mães compartilhem os cuidados com os bebês recém-nascidos, e cria condições para que as mulheres possam desenvolver suas carreiras profissionais. A combinação entre licença parental e a oferta de creches constitui o fundamento de um sistema que busca promover a igualdade de gênero.


O “Estado feminino” avançou de modo acentuado em outras áreas. Nos anos 1980, foi criada a Lei de Igualdade de Gênero, exigindo cota de 40% de mulheres nas organizações públicas, e isso foi estendido também aos conselhos de empresas estatais em 2004 e conselhos de administração de companhias abertas em 2006. Destaque-se ainda que, em 2018, a lei foi revista e ampliada para incluir minorias.


Não surpreende, portanto, a intensa participação política das mulheres na Noruega. Em 1981, Gro Brundtland tornou-se a primeira mulher chefe de governo no país, e ela destacou-se no cenário internacional, liderando a comissão da ONU que estudou o meio ambiente e sua relação com o desenvolvimento. A comissão Brundtland, como ficou conhecida, foi pioneira ao definir o conceito de desenvolvimento sustentável, em 1987. Mais tarde, foi ainda diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 1998 e 2003.


Desde 2013, outra mulher, Erna Solberg, é a primeira-ministra norueguesa, e mulheres ocupam os ministérios de Finanças, Relações Exteriores, Justiça e Trabalho. No plano econômico, o Centro para Pesquisa e Igualdade de Gênero do Ministério da Criança e Igualdade da Noruega indica que a participação feminina no mercado de trabalho agregou cerca de US$ 360 bilhões entre 1972 e 2013, valor que equivale ao PIB atual do país, da ordem de US$ 400 bilhões. Diz-se que a riqueza criada pela força de trabalho feminina é maior do que a do petróleo.


Há ainda desafios a vencer – as mulheres ainda ganham menos do que os homens (88%, em média, dos salários deles) e a participação feminina é ainda reduzida nas 200 maiores companhias do país (são apenas 22% nos comitês executivos e 10% dos CEOs). Mas não há dúvida de que, com leis e políticas adequadas, os avanços são nítidos, fazendo com que a Noruega ocupe o segundo lugar entre os países que mais promovem equidade de gênero no mundo, enquanto o Brasil fica na distante 95ª posição entre 140 países.


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