Eterno país do futuro

Em era de grandes saltos tecnológicos, o imobilismo é mortal para o desenvolvimento das nações

Por: Da Redação  -  09/10/20  -  11:13

Os brasileiros mais velhos devem ter escutado desde os tempos da primeira educação que este é o País do futuro, ideia reforçada pela propaganda da ditadura militar e que ganhou contornos de proximidade quando a revista inglesa The Economist, durante os anos Lula, expôs o Cristo Redentor subindo como um foguete. Entretanto, as expectativas nunca se confirmaram. Analfabetismo, mortalidade infantil e fome são problemas que ainda preocupam, mas houve uma nítida melhora nessas áreas. A economia é diversificada e as instituições, como Supremo Tribunal Federal e imprensa, recentemente desafiadas pelos atos antidemocráticos, mostraram um amadurecimento desde a democratização. Entretanto, quando se observa outros países do mundo, a conclusão é de que o Brasil evolui de forma vagarosa, o que é inadmissível.


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Basta comparar a trajetória do Brasil com a da China, que nos anos 1970 tinha indicadores econômicos parecidos. A Coreia do Sul, antes ofuscada pelo Japão, hoje é uma potência industrial, cultural e esportiva. Já a Noruega, até pouco tempo o lado "pobre" da Escandinávia, achou petróleo e agora lidera rankings de qualidade de vida. Na América Latina, a Costa Rica atingiu invejável estabilidade e o Chile expandiu sua economia, apesar da insatisfação popular que cobra participação nos resultados. Simultaneamente, há candidatos a vencedores no médio prazo, como Índia, Indonésia, Malásia, Vietnã, Polônia, Portugal e até a pequenina Eslovênia. Na África, a carência chinesa por minerais é a possibilidade real de crescimento de várias nações. Já a Nigéria desponta por sua população que deverá se tornar a terceira maior do mundo em meados do século.


Todos esses países passaram por algum tipo de dificuldade, como guerras, golpes de estado e recessões brutais, enquanto outros se serviram da exportação de commodities para financiar o social e a infraestrutura ou receberam capital americano por questão geopolítica. A maioria, entretanto, fez profundas reformas ou cortes na carne.


No caso brasileiro, privatizações, mudanças tributárias e a tesoura nos privilégios estão - há décadas - no debate das urgências para o Brasil acelerar seus passos e não ficar para trás. Porém, tudo não passa de balão de ensaio ou, quando saem do papel, são apenas ajustes cosméticos. Se de um lado as corporações agem para defender seus interesses no Parlamento, por outro a classe política fica paralisada com medo do voto descontente. No atual governo, que em quase dois anos pouco fez, a não ser uma reforma previdenciária desidratada e o auxílio emergencial, vive de postergar projetos importantes (das outras reformas) ou de transpirar negacionismo ou teorias da conspiração comunista, com reflexos péssimos em saúde, educação e meio ambiente. Em era de grandes saltos tecnológicos, o imobilismo é mortal para o desenvolvimento das nações.


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