Escolham seus candidatos

Só a educação política - não partidária - em todas as etapas da formação escolar é capaz de formar eleitores cidadãos

Por: Da Redação  -  12/10/20  -  11:14

Uma transição de interesses. É assim que parece estar o País nas últimas duas semanas, pelo menos. Entre deparar-se com a chegada à marca de 150 mil mortos pelo coronavírus e o início da campanha eleitoral no rádio e na TV, o brasileiro vê sua atenção disputada minuto a minuto por uma enxurrada de informações, campanhas publicitárias, orientações das autoridades de saúde e agora, também, a fala dos candidatos, que aparecem rapidamente inseridos na programação das emissoras.


O período de campanha é curto e, além disso, o tempo destinado a cada um dos postulantes às vagas nos legislativos e executivos depende dos arranjos que fizeram com outras legendas. Algumas falas chegam a ser bizarras na tentativa de chamar a atenção do eleitor, já não tão disposto a ouvir promessas vazias e compromissos nem sempre cumpridos.


O horário eleitoral gratuito no rádio e na TV é limitado, mas em plena era de transformação digital, os postulantes mais disruptivos usam muito bem aplicativos de celular e distribuição de memes. Na Capital, por exemplo, onde 2 mil candidatos disputam as 55 cadeiras da Câmara, vale de tudo na disputa pela atenção do eleitor, até mesmo substituir a foto do político por uma de seu cachorro, ou de famosos e celebridades. A esperança é fazer o cidadão parar, ver, ouvir e gravar o nome e número do candidato.


Em Santos, entre carros de som que percorrem as ruas e avenidas e posts em redes sociais, o desafio maior é dos neófitos, que buscam ingressar na Câmara sem ter tido ainda uma passagem por lá. Acaba valendo, ao fim, a popularidade que já tinha antes mesmo de registrar sua candidatura, quer no ambiente de trabalho ou na comunidade onde fincou sua trajetória. A campanha servirá, objetivamente, para dizer aos amigos e conhecidos que está na disputa.


Na esteira das reformas que têm sido pensadas e propostas nos últimos anos - trabalhista, previdenciária - é preciso repensar a forma como se dá uma campanha eleitoral. Muitas práticas já foram proibidas pela legislação ao longo dos anos, como colar cartazes e pendurar bandeiras em locais públicos, poluindo as cidades para além do ano eleitoral. Em tese, é correto esperar que uma boa campanha seja feita no campo das ideias, com debates sobre temas de relevância para as cidades. Mas onde eles se dariam? E com quanto tempo de antecedência? E como seriam divulgados?


São questões cujas respostas não virão de legislações específicas ou imposição das autoridades. Interessar-se por política e buscar informações seguras sobre os postulantes a um cargo eletivo é um processo que não se dá com publicação de atos em diários oficiais. Demanda educação política (não-partidária) nas escolas e inserção de conhecimento sobre cidadania. Um processo lento, sim, mas que pode e deve começar com as novas gerações, em todas as etapas da vida escolar.


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