Energias Renováveis

Falta uma política que mire não só a geração e distribuição, como a produção de equipamentos para o consumidor final

Por: Da Redação  -  06/02/21  -  11:21

Enquanto as principais economias se movem por investimentos em fontes renováveis, o Brasil sinaliza que está satisfeito com os patamares atuais que atingiu nessa área. Nesta semana, o Senado aprovou a Medida Provisória 998, do setor elétrico, que, entre vários pontos, desacelerou os estímulos com subsídios dos sistemas eólicos, solares e de biomassa. Agora falta ir à sanção presidencial. Ao invés de reforçar o uso desses meios limpos, o governo entendeu que eles já conquistaram nível satisfatório de competição e preços razoáveis nos leilões e que é momento de reduzir os subsídios. Não é de se estranhar que a importância ambiental das fontes renováveis tenha sido ignorada, considerando a despreocupação do Palácio do Planalto com a preservação das matas. O ideal seria manter incentivos nessa área, não necessariamente por meio de renúncia fiscal, mas também apoiar a indústria nacional para produzir os equipamentos das diversas matrizes energéticas mais sustentáveis.


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Hoje a China controla 80% desse segmento e o Brasil é um dos grandes importadores. Portanto, falta uma política nacional que mire não só a geração e distribuição da energia das fontes renováveis como a produção de equipamentos para o consumidor final, que pode ser a empresa ou pessoa física. Em resumo, o baixo custo energético não deve ser o único objetivo - ele precisa estar associado à possibilidade da preservação ambiental e à indústria de equipamentos.


Há décadas o Brasil ostenta uma larga produção de energia renovável por meio das hidrelétricas. Porém, chuvas irregulares, dificuldades para desapropriar terras, demora para a conclusão das obras e corrupção que faz os orçamentos estourarem inviabilizam projetos nesse segmento. Para piorar, o fundo da Noruega excluiu a Eletrobrás de seus investimentos por questões humanitárias, considerando que a Usina de Belo Monte gerou muito desvio de dinheiro público e traumas aos agricultores e indígenas que tiveram suas terra alagadas.


A matriz hidrelétrica é uma característica nacional pelas dimensões continentais e grandes rios, mas precisa estar inserida entre outras fontes para reduzir os riscos. Nos últimos tempos, o País tem utilizado as usinas térmicas devido à quedas dos reservatórios do sistema hídrico, mas a um alto custo ambiental, pois geralmente se usa o diesel, ao invés do gás natural, que está concentrado no Sudeste.


Os grandes parques eólicos se espalham pelo Nordeste devido à excelente intensidade dos ventos, enquanto grandes áreas, como em Goiás e Bahia, recebem milhares de painéis fotovoltaicos em meio a fazendas. Nas cidades, edifícios, residências e galpões industriais ganham cada vez mais equipamentos para aproveitar a luz do sol, expandindo a autogeração. Esses investimentos poderiam ser estimulados pelos governos, que não aproveitam as oportunidades que as fontes renováveis oferecem para melhorar a qualidade de vida ou gerar negócios para o País.


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