Energia nuclear

Preocupação com as mudanças climáticas e a consequente redução da emissão de gases de efeito estufa têm feito com que a energia nuclear volte a figurar na agenda mundial

Por: Da Redação  -  29/04/19  -  19:53

Graves acidentes acontecidos, como o de Chernobyl, na então União Soviética, em 1986, e o de Fukushima, no Japão, em 2011, provocaram recuos em programas e investimentos em usinas de geração de energia elétrica por meio da indústria nuclear.


Durante muito tempo, houve grande pressão internacional pelo banimento dessa forma de produção de energia, que ainda perdura entre grandes organizações não governamentais (ONGs) ambientalistas, como o Greenpeace e o WWF. A Alemanha continua firme não apenas no propósito de não construir novas usinas, mas também em desativar todas as existentes no país até 2023.


Esse posicionamento tem sido, entretanto, revisto em escala internacional. A preocupação com as mudanças climáticas, e a consequente redução da emissão de gases de efeito estufa, tem feito com que a energia nuclear volte a figurar na agenda mundial. Somente no ano passado entraram em operação nove reatores no planeta, sendo dois na Rússia e sete na China, totalizando 10,4 gigawatts (GW) de capacidade. Também foi retomada a operação em usinas nucleares no Japão, somando outros 5 GW.


Não é desprezível a presença da energia nuclear. Embora respondendo por menos de 10% da matriz energética global, há, nos Estados Unidos, 98 geradores em atividade, produzindo 99.061 MW. Em todo o mundo, são 450 unidades em operação, produzindo 396.841 MW, e há outras 55 unidades em construção, com capacidade de gerar 56.643 MW.


Um dos maiores congressos da indústria nuclear do mundo, o AtomExpo, realizado na última semana em Sochi, na Rússia, abordou o desenvolvimento da indústria nuclear para fins pacíficos, tendo em vista a crescente demanda por energia no planeta, principalmente nos países emergentes, e a pressão maior pela redução do uso de carbono.


A avaliação no evento foi que, após o acidente de Fukushima, foram revisadas e aperfeiçoadas medidas de segurança em mais de 140 reatores em todo o mundo, e a energia nuclear tem sido reabilitada como uma fonte limpa (embora não renovável), que pode e deve ser utilizada, quebrando preconceitos e opiniões contrárias. Já há ambientalistas que apoiam abertamente seu uso, partindo do pressuposto que as energias renováveis (como eólica, solar e biocombustíveis) não conseguirão descarbonizar significativamente a matriz energética global.


Usinas nucleares ainda causam preocupação. Além de riscos de acidentes em usinas, há a questão da destinação dos resíduos, que exigem repositórios geológicos profundos, embora a maior parte deles possa ser reciclada e aproveitada nas próprias geradoras. O debate deve prosseguir, com contribuição cientifica e técnica de alto nível. A energia nuclear não pode ser desprezada, tendo em vista seu alcance também em outras áreas, como medicina, transportes e agricultura.


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