Empregos e empresas

Ministro da Economia e o presidente têm que dar demonstrações explícitas de apoio ao empreendedorismo

Por: Da Redação  -  03/10/20  -  12:20

O saldo positivo (admissões menos demissões com carteira) de 369 empregos em agosto na Baixada Santista ainda não é um resultado para ser comemorado. Afinal, no acumulado do ano, há a assombrosa perda de 16,6 mil postos de trabalho. Mas o desempenho de agosto deixa a expectativa de que o pior passou e que a destruição do mercado de trabalho ficou para trás. Esses dados podem estar anabolizados por programas do governo, como o da suspensão de contrato ou redução proporcional de jornada e salários, que desestimulam o fechamento de vagas, e o auxílio emergencial, que mantém as vendas do varejo em níveis de sobrevivência. A preocupação dos economistas é que o encerramento deles, uma vez que o Renda Cidadã ainda não passa de possibilidade, resultará em demissões em massa. Porém, enquanto durarem, pelo menos até dezembro, manterão uma circulação de dinheiro capaz de acelerar a engrenagem da economia. Dessa forma, terminando a injeção do governo nos negócios e no consumo, o próprio mercado terá, diferente de agora, algum caixa para se movimentar aos poucos.


O quadro hoje que se tem é de que muitos empresários operam no prejuízo, com faturamento que não cobre os custos do dia, e outros com pouco capital de giro, o que logo vai inviabilizar a sobrevivência do negócio. Os otimistas ficam na expectativa de que a recessão será menor do que se esperava e continuam com as portas abertas. Assim, é fundamental para o empreendedor ter a sensação de que haverá lucratividade em algum ponto do horizonte. Para isso, o governo precisa manter o crédito aberto – nesta semana, ele lançou a linha de recebíveis da maquininha, de apenas R$ 10 bilhões. Para um banco emprestar em tempos difíceis, a garantia, neste caso a venda faturada com cartão, é essencial para obter uma boa taxa e a liberação do dinheiro. Com esse crédito, o lojista pode conseguir segurar as pontas até o Natal e, quem sabe, fazer alguma reserva para eventuais vacas magras no início do próximo ano.


O que preocupa é a lentidão com que o governo trata questões emergenciais. Entende-se que há uma falta tremenda de recursos para sustentar programas de apoio. Mas o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente Jair Bolsonaro precisam dar demonstrações mais explícitas de apoio ao empreendedorismo. É uma questão de passar confiança ao empresário de que vale a pena arregaçar as mangas neste momento. Se a percepção for para começar a investir em um momento mais oportuno, sabe-se lá quando, o desempenho da economia não será um V (queda profunda com alta forte), como parece agora, mas um temido W (queda, alta, queda, alta).


Mesmo que as linhas de crédito sejam tão pífias, disposição para fazer reformas e cortar gasto público gera muita confiança nas empresas e nos consumidores. Porém, o governo precisa tirar a sensação de que está atordoado pela crise.


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