Em Santos, todo cuidado é pouco

Com 270 casos confirmados da doença na última terça-feira, o coeficiente de incidência do novo coronavírus era de 62,3 casos para 100 mil habitantes, muito acima da média nacional e estadual

Por: Da Redação  -  17/04/20  -  19:23

A evolução da pandemia de Covid-19 em Santos é muito preocupante. Com 270 casos confirmados da doença na última terça-feira (14), o coeficiente de incidência do novo coronavírus era de 62,3 casos para 100 mil habitantes, muito acima da média nacional (11,9), estadual (22,7) e até mesmo da capital paulista (62,1), considerada o epicentro da doença no país. A letalidade, embora em taxa inferior à de São Paulo (Capital e estado), estava em 6,6%, acima do índice nacional (6,1%).


Os dados trazem apreensão às autoridades de saúde. O secretário de Saúde de Santos, Fabio Ferraz, admitiu desproporção em relação à capital, com coeficiente seis vezes maior do que o do Brasil. Uma hipótese que explicaria tais números seria a identificação maior dos pacientes infectados na cidade do que em outras regiões, mas, como não houve aqui testagem maciça da população, ela acaba por não se sustentar.


Até agora, apesar do elevado número de casos registrados, não houve problemas no atendimento. A estimativa é que apenas 30% a 40% dos leitos disponíveis estejam ocupados, não havendo falta de vagas nas UTIs. Mas é preciso atentar que não foi atingido o pico da doença: o infectologista David Uip, que coordena o Centro de Contingência de Coronavírus no estado, prevê a escalada da Covid-19 nas próximas semanas, sendo atingido o ponto máximo em maio.


Alguns hospitais da capital e da Grande São Paulo já apresentam problemas: considerando seis grandes equipamentos públicos, a taxa de ocupação de leitos em enfermarias varia de 71% a 86%, enquanto a utilização das vagas de UTI já se aproxima do limite. No Instituto Emílio Ribas, todos os 30 leitos de UTI estão ocupados.


A situação é particularmente grave na medida em que as internações em terapia intensiva de pacientes atingem, em média, 14 dias, havendo situações em que, como a doença não evolui bem, o tempo é ainda maior, forçando permanências maiores.


O quadro indica que todos os cuidados devem ser tomados para evitar a propagação e o contágio acelerados. Nesse sentido, o isolamento social é a arma mais eficaz e precisa ser mantido e respeitado pela população. Em Santos, cidade que possui um número de idosos expressivo, bem acima da média estadual, além de muitas pessoas com doenças crônicas, é fundamental diagnosticar com precisão os casos, oferecendo testes eficientes em maior quantidade, e monitorá-los para evitar complicações que podem pôr em risco vidas humanas.


Os números mostram ainda a urgência de ações efetivas quanto ao aumento de leitos hospitalares, vagas em UTIs, equipamentos de proteção e respiradores. E a população precisa estar alerta e consciente do risco e das ameaças, fazendo a sua parte, e, na medida do possível, ficando em casa e evitando aglomerações e contatos desnecessários e perigosos.


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